quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

...caminhar é preciso...


Que 2009 seja um bom segmento no caminho de cada um...

...“Palestina – A saga de um Povo”, AL-KHUDAYRI, Tariq, Edições Hugin, 2002...



Leitura apropriada para os tempos que correm.
Foi-me oferecido, há anos, pelo Representante da Autoridade Palestiniana em Portugal, durante uma refeição que partilhei com ele e com o Major Mário Tomé. Não me lembro o que comemos mas jamais esquecerei o que aprendi.

domingo, 28 de dezembro de 2008

...uma raridade encontrada num caixote de papelão há uns anitos num hipermercado...


Tenho ao sorte de ao longo da vida ter coleccionado uma série de objectos que para mim são muito importantes. Uns são intrinsecamente valiosos outros nem por isso e só valem pelo muito que representam para mim. O leque dos mesmos vai de pinturas, a desenhos, de esculturas a pedras, enfim uma variedade e uma quantidade muito difícil de ordenar e arrumar.
Este CD, cuja capa aqui reproduzo, é um desses pequenos objectos que para mim são quase de culto, se eu fosse dado a cultos.
“Quando um grande poeta vai a casa de uma grande intérprete, é inevitável que se fale de poesia, que se recite e cante poesia, que surja poesia.
O poeta, neste caso, é Vinicius de Moraes; a intérprete, Amália Rodrigues. E estavam presentes outros poetas: uns em presença física – Natália Correia, David Mourão-Ferreira, José Carlos Ary dos Santos -, outros apenas em espírito – José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill.
Do que foi essa noite de convívio poético, este álbum dirá muito mais que todas as palavras de apresentação.”
É na verdade um CD extraordinário, muito especialmente enquanto testemunho audível da alma portuguesa e da alma luso-brasileira.
Encontrei esse CD dentro de um caixote de discos em saldo num hipermercado…

...real politik...



Mais sangue mediatizado na Palestina. E haverá sempre sangue na Palestina enquanto houver estrelas pentagonais, crescentes e cruzes empunhadas. E haverá sempre sangue na Palestina enquanto o petróleo for ditador de geopolítica. E haverá sempre sangue na Palestina enquanto as oligarquias árabes forem corruptas e decadentes. E haverá sempre sangue na Palestina enquanto a cruzada for a diarreia permanente dos evangélicos.
Só deixará de haver
sangue na Palestina no dia em que todo esse lixo for substituído por gente e na Palestina houver apenas homens e mulheres.

sábado, 27 de dezembro de 2008

...2008, crise e oportunidade...

O que aconteceu em 2008 é o resultado de um processo de longa duração que começou a ganhar contornos precisos a partir do fim da chamada Guerra Fria, com o colapso da União Soviética e com a afirmação do Estados Unidos como a única super-potência político-militar do mundo mas que não o consegue ser a nível económico.
A emergência de novas potências económicas das quais se destacam – embora de forma distinta – a China, a Índia e o Brasil, o disparo do consumo e da procura de energias fósseis num cenário de crescente escassez, a que esteve associado um período de prosperidade económica e baixa inflação que conduziu a um boom de crédito barato, provocou um cenário propício à crise, que devido à globalização, contaminou todo o planeta.
O hiper-consumo, associado ao recurso desmesurado ao crédito, agravado com a ausência de qualquer regulação eficaz dos mercados de capitais, desenvolveu uma série de bolhas – do imobiliário às participações de índole tecnológica, passando pelas “bonds” – que a natural falta de liquidez fez rebentar e cujos efeitos ainda estão para ser quer cabalmente sentidos e avaliados com rigor.
Dois mil e oito não foi, como muitos agora pensam e apregoam, o canto do cisne do capitalismo e muito menos a redenção das teses marxistas-leninistas. Desenganem-se, o capitalismo está para durar e o marxismo-leninismo é passado de má memória. O que aconteceu é que, finalmente, se percebeu que o capitalismo – autofágico por definição e na sua essência – precisa de ser regulado e de funcionar assente em produção real e consumo moderado.
O capitalismo neo-liberal revelou-se altamente tóxico e os seus defensores uns irresponsáveis e desconhecedores da realidade.
Esta crise teve – tem – o mérito de nos permitir introduzir bom senso no funcionamento sistémico. Bom senso cuja introdução cabe, nesta primeira fase, aos Estados, já que são as únicas instituições capazes de introduzir normas de conduta operativa. Essas normas de conduta operativa não significam nem controle absoluto nem substituição – ninguém acredita numa economia estatizada -, mas sim o assumir da responsabilidade única pelo bom funcionamento do sistema em interacção directa com os demais Estados ou blocos de Estados.
Esta crise pode ser uma excelente oportunidade. Uma oportunidade de aportar justiça social ao sistema, uma oportunidade para o real desenvolvimento de fontes energéticas alternativas e uma oportunidade de aportar novos parceiros à partilha das macro-decisões planetárias. Já não faz qualquer sentido um planeta governado em petit comité pelos Estados Unidos, pelo Japão, pela Grã Bretanha, pela França e pela Alemanha. Hoje em dia a China, a Índia, o Brasil, a Rússia, a África do Sul, a Austrália, transformaram-se em players incontornáveis. Incontornáveis e que não abdicam desse mesmo estatuto.
Cabe, em primeira mão, aos Estados Unidos da América perceber isso, sob pena da naturalidade das circunstâncias o ditarem e isolarem a América. A Europa, neste cenário multipolar – a que alguns já se referem como “apolar” – tem um sério problema para resolver. Um problema político, um problema económico e um problema social. Ou se reformula e se torna credível para os próprios países que constituem a Europa e assim fazendo perante os demais, ou tornar-se-á cada vez mais periférica no grande palco mundial das decisões
.

...duas sugestões de leitura apropriadas para esta época pré-Ano Novo...




The world in 2009” é uma publicação da revista “The Economist”, que merece, sem qualquer dúvida uma leitura atenta.O nosso planeta é perspectivado para 2009 em variadíssimos aspectos, da política à economia, do ambiente à ciência, através da colaboração de inúmeras personalidades, das quais destaco Jeff Immelt, Henry Kissinger, Lula da Silva e Queen Rania.Fez-me excelente companhia numa viagem aérea de várias horas. A não perder….


A “Newsweek – Special Issues 2009”.,com a participação de Robert B Zoellick, Irshad Manji, Daniel Barenboim, Sergey Lavrov, Jacob Weisberg, Ban Ki-Moon, entre outros, esta edição está muito interessante e abrangente e complementa bem a leitura da edição da “The Economist”, acima referida. Saliento, nesta edição da “Newsweek”, o artigo “A new grand bargain” do editor Fareed Zakaria, autor da obra “O Mundo pós-Americano” . Para despertar o vosso interesse sobre o citado artigo aqui vai um trecho: “Citizens and governments the world over have worked wonders during the past few decades. Now it’s time for their governments to match this ingenuity with new forms of cooperation. The great project of the 21st century should be a new architecture – one that helps to ensure growth and peace for the world.”

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

...o natal é uma lição a aprender e a ensinar...

Ninguém nasce ensinado. Tudo se aprende. Até o gostar do Natal.
O Natal deve ser ensinado como eu o aprendi em pequenino. Essa lição deve incluir a descrição de uma aventura maravilhosa de um casal, em fuga, que procura um lugar para que o filho nasça, e que é acompanhado nesse trajecto por uma estrela.
Essa lição deve incluir reis magos e pastores e sapatinhos no fogão ou à lareira.
E presentes, nem que sejam dos mais baratos.
Nessa lição sobre o Natal deve-se sempre incluir histórias de avós que já não estão e histórias sobre natais que já foram. O Natal deve ser ensinado como a festa da família, onde todos, presentes e já ausentes, comparecem, mesmo que a família seja disfuncional ou que se dê mal durante o resto do ano.
Essa lição sobre o Natal deve ensinada de tal forma que quando nos cabe a nós a vez de a ensinar não mudemos uma vírgula sequer ao que nos foi contado.
Foi assim que eu aprendi o Natal. Um conto fabuloso, irreal mas absolutamente necessário à realidade.
Eu lembro-me de quase todos os natais de menino e de adolescente.
E ao lembrar-me dele lembro-me dos que já não estão por cá…da minha mãe, dos meus avós, dos meus bisavós, tios, tios-avós, etc, etc, etc, num desenrolar de uma meada de gerações que me dá sentido ao que sou.
Sou filho de uma família grande, confusa, generosa, capaz de grandes alegrias e de tristezas avassaladoras, uma família que se foi fazendo e refazendo ao longo dos tempos, sendo assim tão diferente, sendo assim tão igual.
Esse sentido de quem sou foi muito aprendido e apreendido no Natal que me ensinaram.
Houve um tempo em que no Natal gostava era de receber os presentes. Hoje, porque acho que aprendi bem a lição do Natal que me ensinaram, gosto muito mais de dar.
Espero que a quem ensinei o que é o Natal a lição faça tanto bom proveito como me fez a mim.
Gosto do Natal de hoje e tenho tantas e tantas saudades dos meus natais de menino.

domingo, 21 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

...sem comentários...


Do Opus Dei e da sua missão:

"Sua missão consiste em difundir a mensagem de que o trabalho e as circunstâncias do dia-a-dia são ocasião de encontro com Deus, de serviço aos outros e de melhora da sociedade. O Opus Dei colabora com as igrejas locais, oferecendo meios de formação cristã (palestras, retiros, atenção sacerdotal), dirigidos a pessoas que desejam renovar sua vida espiritual e seu apostolado."

domingo, 14 de dezembro de 2008

...complemento ao post anterior...

Muita gente gosta de Tango, mas gostar é diferente de perceber e quanto a isso já há menos gente que o consiga perceber.
Só percebe o Tango quem gosta do excesso e faz o exorcismo do medo. O medo existe e persiste e por persistir torna-se um hábito, uma irrelevância à qual não se liga.
Só percebe o Tango quem prefere a decadência ao apogeu. Quem sabe que é no desmoronar paulatino que paira a essência da vida, filtrada, tornada aroma, indefinida, ex-acto.
Só percebe o Tango quem valoriza o prazer e a dor e se revolta com os estados intermédios.
Só percebe o Tango quem obriga a alma a sacrificar o corpo até ao seu colapso.
Manda a prudência que em relação ao Tango…se goste mas não se perceba.

...porque gosto de tango...



Gosto muito de Tango. Tango é um cantar dançado da vida. Da vida que guarda espaços exíguos e densos, necessidades feitas sombra, paixões traduzidas em liturgia religiosa, ápices que a memória se recusa a apagar…

Este CD é de uma banda porteña que reinterpreta o Tango para a contemporaneidade…
“Si el tango es el sonido de las calles de Buenos Aires, el colectivo Bajofondo Tango Club es la banda de sonido para los porteños del nuevo milenio: tango e electrónica. Iguales partes de respeto e irreverencia en ambos lados del mix, BFTC es un paisaje sónico de la vida en un imprecedible y simultáneo estado de peligro, tristeza, bronca, amor, sexo y desasosiego.”

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

SEXO SEX



Notei um decréscimo de visitas ao blog. Para grandes males, grandes remédio: intitular o post como "Sexo Sex" e colocar esta bela imagem.

Com a ajuda dos pesquisadores da coisa no Google..o problema será resolvido!

...do mestre ilídio fontes...



Esta gravura é do Mestre Ilídio Fontes, feito em 1960. Vi-o numa exposição retrospectiva da sua Obra. Ele reparou que gostei particularmente dele. Hoje deu-mo. Obrigado.

sábado, 6 de dezembro de 2008

...pelos pescadores portugueses que ontem de manhã morreram, por todos os outros também..

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

PESSOA, Fernando

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

...Camarate, 1980.XII.04...

Assinalou-se hoje dia 04 de Dezembro o aniversário da morte de Francisco Sá Carneiro e de Adelino Amaro da Costa, homens a todos os títulos notáveis. Notáveis pela coragem, notáveis pela coerência política e intelectual, notáveis pela inteligência e notáveis pelo seu patriotismo.
Hoje em que, infelizmente, a política está pejada de uma maioria de medíocres, faz todo o sentido o lembrar desses que tão cedo morreram e tanta falta fizeram e fazem a Portugal.
Adelino Amaro da Costa era um genuíno democrata-cristão, em muitas facetas genial, com uma invulgar capacidade crítica e uma inteligência acutilante. A sua morte provocou danos irreparáveis ao CDS.
Francisco Sá Carneiro era uma força da natureza, com uma inteligência emotiva rara, corajoso até ao limite, um verdadeiro social-democrata, com uma visão clara e objectiva para Portugal. Foi amado e profundamente odiado, como geralmente são aqueles que por aquilo que são e pela forma que como fazem provocam, entre muitas outras coisas, uma enorme inveja. A morte de Sá Carneiro, prematura e injusta, provocou danos irreparáveis a Portugal.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

...são portas...

















São portas hondurenhas…são portas de Santa Rosa e de Graças a Dios.
Portas. Portas são fronteiras benévolas. Portas são oportunidades abertas. Portas são limiares da agonia. Portas são de fora. Portas são de dentro. Portas são do meio, entre o fora e o dentro. Uma porta é algo que está sempre aberto sempre que alguém pisa sob o seu vão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

..numa noite em Santa Rosa de Cópan...

Era noite de chuva fina e ar quente em Santa Rosa de Copán.
O acaso da descoberta ao sabor do caminhar levou-me por ali...uma rua de empedrado irregular como todas as outras e fez-me parar à frente daquela casa onde a neblina deixava ver o tom verde água, desbotado pelo tempo, da fachada, em que os caixilhos e portadas em ripas pintadas de verde escuro sobressaíam na pálida penumbra.
Casa térrea e larga. Seis janelas divididas a meio por uma porta. Uma porta altiva, decorada a ferro forjado a que o tempo, querendo ela ou não, ofereceu uma patine de ferrugem.
Casa velha – uns cem anos pelo menos – desabitada, abandonada há muito por gente viva.
Coloquei-me do outro lado da rua, abrigado sob o alpendre de uma casa fronteira, a olhá-la com atenção. As casas velhas – tal como os sótãos -, sobretudo as boas casas de arquitectura escorreita de antanho, sempre exerceram sobre mim um estranho fascínio e verdade seja dita, sem falsa modéstia, que sempre soube ver nelas muito mais do que as paredes contavam.
Aquela casa verde não foi excepção. Prendeu-me, apesar da chuva que lentamente me ensopava.
Depressa a imaginação tomou conta dos meus sentidos e comecei a ouvir vozes. Não, não pensem que eram vozes cavas e profundas, daquelas que se costumam atribuir aos fantasmas ou – conforme preferirem – às almas penadas. Não, eram vozes claras, femininas e de timbre amigo.
Apesar da minha surdez, abri as orelhas o mais que pude e – sem remoço ou vergonha – pus-me a ouvir a conversa, já que de uma conversa se tratava.
-“Lembras-te dela? Lembras-te como ela todas as noites nos vinha dar as boas-noites? “”Então raparigas, cearam bem, que foi longo o vosso dia?”” Não te lembras Hilda? Não te lembras da Senhora?
- Claro que me lembro, como me podia esquecer? Como me podia esquecer daquela que nos deu o pão e o tecto e o soldo anos e anos a fio…?
- Lembras-te Hilda? Lembras-te como ela nos vinha mostrar como ia vestida todas as noites que o Senhor a levava ao casino? Lembras-te como ela nos perguntava “”Então raparigas estou bem?””…e como estava bem, como estava sempre bem, lembras-te Hilda?
- Como se fosse hoje, como se estivesse aqui e agora. E como se ria ela quando lhe dizíamos que parecia uma rainha…
- E era uma rainha, Hilda, era a rainha de Santa Rosa de Cópan, mais, era a rainha de todos e de todas entre Santa Rosa e Esmeralda…
- Em compensação o Senhor não era o nosso rei, era apenas o nosso amo…o Patrão…
- Mas ela amava-o Hilda, e pelo amor que lhe tinha, por onde ele passava ela seguia-o amenizando a agrura que ele deixava. Fazia-o por nós mas – tenho a certeza – que o fazia sobretudo por ele.
- E ele sabia Juanita, ele sabia-o e não se importava que ela desfizesse ou atenuasse parte do mal que ele tinha acabado de fazer.
- Sim Hilda, ele sabia, estou até convencida que ele contava com isso, com esperança que tal lhe aligeirasse os pecados…
- E muitos pecados cometeu o Senhor. Não se é dono de todas as plantações de tabaco, da fábrica dos puros, nem se é deputado sem ter cometido tantos pecados.
- Lembro-me que uma vez os segui até ao casino…deixei-os entrar e com muito cuidado para não ser vista, pus-me a espiar a uma das janelas, à espera que o baile começasse, o que não tardou. Como se esperaria abriram eles a dança…e como dançavam os dois…rodopiavam por toda a sala, ela parecia um anjo branco e louro e ele um diabo, moreno como um tição, com aquele esgar feito sorriso, a olhar para todos os lados, em todas as voltas da dança, a olhar a olhar mas sem ver ninguém.
- Hilda o nosso patrão era assim olhava atentamente mas nunca nos via, só queria ver o fruto do nosso trabalho…
- Sim Juanita é verdade, mas ali a dançar com ela até parecia que era bom…
- Isso era a Senhora, Hilda. Era a Senhora que ao abraçá-lo lhe dava um coração…
- Talvez Juanita, talvez.
- Mas isso são contas de um rosário que já passou. Estão ambos mortos e sem descendência e tudo se perdeu.
- Sim Hilda tudo se perdeu. Até a memória da Rainha de Santa Rosa de Cópan. Dela só resta esta casa só e a lembrá-la nós. Duas assombrações, duas criadas da casa que por não terem tido outra não sabem para onde ir e que também ninguém as veio chamar. Nem a Senhora.
E de repente da casa só, só veio o silêncio. E o silêncio da casa trouxe-me de volta àquela rua em que chovia. Segui o meu caminho.
Às vezes, em certos locais, é preciso saber ver o que já não se vê.

...das minhas andanças pelo mundo...

























































































































Mais um périplo-raid na América Latina: de novo Costa Rica e Honduras pela primeira vez.
Mais um mergulho num universo caracterizado pela escassez dos meios e pela esperança num futuro melhor que há-de vir.
Gente boa, digna e simples. Simples na forma de estar na vida, simples nos anseios que têm na e da vida.
Terras onde receber rima com dar. Dar o que se tem sem reservas.
Terras onde a chamada cooperação espanhola é mais um eufemismo para neo-colonização. E os de lá sabem. Sabem e ainda calam. Por onde andei fiz da minha voz a voz deles. Sim, porque graças aos deuses, posso marimbar-me para a “cooperação espanhola” e dizer o que me vai na real veneta.
E ao dizê-lo, digo por eles e fica escrito o testemunho que nestas lides sou mais deles e por eles do que dos outros, para mucho espanto dos outros.