quinta-feira, 31 de julho de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

...


Pé ante pé num vagar que nunca se nota,
o sentir-te no meu colo fez-se amena Memória.
Metade de mim próprio, sempre te soube de ti mesma.
Desdobrei-te o mapa mundi,
ensinei-te, com vagar, a ver para que gostasses de ser,
e sem ser preciso que eu tivesse dado por ela,
num ápice, que foram anos condensados num curto instante,
(traquinice do ardiloso Tempo)
já trilhas por ti o caminho que te coube,
amassas o teu próprio tijolo a dar à História.

...frase da meia noite...


O voltear estonteante no deambulatório do românico, agitou de tal forma as moléculas da culpa que as ditas explodiram para o alto no transepto gótico.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

domingo, 27 de julho de 2008

...Ubaldo Ribeiro vence Pémio Camões...


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Venceu o Prémio Camões. E ainda bem.

É um escritor fora de série, capaz do mais mordaz dos humores que nos arranca gargalhadas incontroláveis (por exemplo “Viva o Povo Brasileiro” e “Livro de histórias”) e da maior violência que a pena pode exprimir (por exemplo o “Diário do Farol).
Conheci a sua obra tarde – ou talvez no tempo certo – e considero-o um dos melhores escritores de língua portuguesa. Recomendo, como abordagem ao seu trabalho as 3 obras já citadas. Para quem gosta de literatura erótica de qualidade pode “atacar” o já célebre “A casa dos Budas ditosos”.

Síntese da sua obra:

Romances:
Setembro não tem sentido - 1968; Sargento Getúlio - 1971; Vila Real - 1979; Viva o povo brasileiro - 1984; O sorriso do lagarto - 1989; O feitiço da Ilha do Pavão - 1997; A casa dos Budas ditosos - 1999; Diário do Farol - 2002; Miséria e grandeza do amor de Benedita.
Contos:
Vencecavalo e o outro povo - 1974; Livro de histórias - 1981 (reeditado em 1991, incluindo os contos "Patrocinando a arte" e "O estouro da boiada", sob o título de "Já podeis da pátria filhos").
Ensaio:
Política: quem manda, por que manda, como manda - 1981


Literatura infanto-juvenil:
Vida e paixão de Pandomar, o cruel - 1983; A vingança de Charles Tiburone - 1990

terça-feira, 22 de julho de 2008

...do JN e do Mário Crespo...

"Limpeza étnica
O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos. "Perdi tudo!" "O que é que perdeu?" perguntou-lhe um repórter.
"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos autodesalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e autodenominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor. "
(Mário Crespo/JN)

domingo, 20 de julho de 2008

...uma tela em frames...







Exibido ontem, bem dentro da noite, na RTP2, "Gritos e Sussuros" de Ingmar Bergman, é um filme extraordinário.

Pessoalmente não me lembro de ter visto um filme assim: não se sabe bem se é filme se é pintura, se Bergman é realizador ou pintor.

Quanto ao enredo:

“Um drama familiar acontece numa mansão do século XIX. Karin e Maria cuidam da sua irmã Agnes, terrivelmente doente com cancro, juntamente com a criada Anna. Através de flashbacks, as vidas das irmãs vão sendo apresentadas e descritas como sendo cheias de mentiras e enganos, orgulho, maldade, culpa e amor proibido. A doença terminal de Agnes apenas desperta a aversão das irmãs e só a criada Anna reconforta a pobre doente.
Agnes., Karin e Maria e… Anna. Quando o filme começa, Agnes geme de dor. Tem um cancro que o realizador Ingmar Bergman faz questão de enfatizar através dos gritos lancinantes e dos gemidos que Agnes sente. Neste momento o espectador está incomodado e solidarizado com a dor insuportável sentida por ela. E ninguém sabe o que fazer para acalmar esse estado de dor.De facto, Ingmar Bergman, cria talvez o seu filme mais emocional, através do estudo perturbante de uma família burguesa e disfuncional incapaz de lidar com o facto da morte e escondendo segredos e mentiras terríveis. Bergman descreve as duas irmãs Karin e Maria como seres monstruosos: Karin é fria, incapaz de ter um gesto de carinho e compreensão, insensível e neurótica. Através de flashbacks vemo-la a mutilar os seus órgãos genitais com um pedaço de vidro apenas para não ter relações sexuais com o marido (!). Maria é bela mas manipuladora, teve um caso com o médico de Agnes e sempre foi a preferida das três irmãs, pela mãe. Ambas sentem algum repúdio pela irmã doente e por elas próprias.Nenhuma das irmãs sente o verdadeiro amor pela irmã moribunda Agnes, que apenas sente conforto nos braços da criada de longos anos Anna. O filme tem muitas cenas de antologia, mas a cena em que Anna tira a roupa para Agnes se deitar nos seus seios e tentar de alguma forma acalmar a sua dor, é marcante e taxativa sobre a importância da criada no conforto e carinho que só ela proporcionava à doente Agnes.O filme praticamente não tem partitura sonora o que aumenta o realismo e cria um ambiente soturno de morte iminente. Só em determinados momentos se ouvem algumas composições musicais de Chopin. O constante uso da cor vermelha para além da óbvia associação com sangue, para além de ser a cor da visão da alma humana, para Ingmar Bergman.Cries and Whispers é um filme de difícil visualização, deprimente, perturbador e que mexe com os sentimentos do espectador. Por outro lado é uma obra-prima em todos os sentidos, um filme de imprescindível visualização do cineasta que melhor estudou as profundezas da alma humanaIngmar Bergman a descrever o filme: "Acredito que o filme consiste neste poema: Um ser humano morre, mas como num pesadelo fica preso a meio caminho e pede misericórdia, carinho, compreensão, algo… Dois outros seres humanos estão lá e as suas acções estão relacionadas com a morte, a não-morte, morte. A terceira pessoa salva-a por gentilmente a confortar, para que encontre a paz que tanto necessita, por embarcar com ela parte do caminho”

sexta-feira, 18 de julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

...era uma vez um tempo bom...


Era uma vez um tempo bom que já passou. Um tempo de brisas amenas e de seguranças indiscutíveis. Um tempo que antecedeu o fim da bonança.
Uma bonança assente em valores sólidos: solidariedade, trabalho e joie de vivre.
Um tempo de doutrina indiscutível e inquestionável.
Um tempo de bulício animado da cidade, temperado com a paisagem de campos a perder de vista.
Um tempo que moldou almas, definiu naturezas e conseguiu transmitir-se, na medida do possível, às gerações futuras. Pelo menos permitiu que as mesmas saibam, com contida satisfação, de onde vieram. Para que a decência prossiga.
Um tempo que nos faz hoje olhar para as suas imagens e protagonistas com muita saudade e orgulho são.

...antes da batalha...


quarta-feira, 16 de julho de 2008

...um sábio bom...


“O Padre Américo- PAI AMÉRICO - cujo nome completo é Américo Monteiro de Aguiar, foi o oitavo filho dum família cristã. Nasceu em 23 de Outubro de 1887 na freguesia de Galegos, concelho de Penafiel.Depois dos estudos preliminares, envereda pela carreira comercial. Trabalha primeiro no Porto, e em 1906 segue para Moçambique. Aos 36 anos volta à Metrópole e ingressa no Convento Franciscano de Vilariño de Ramallosa, Espanha, onde toma o hábito em 14 de Agosto de 1924, do qual sai após dois anos de vida conventual; e sendo-lhe recusada entrada no Seminário do Porto, é recebido no de Coimbra, em 1925.Recebe a Ordenação sacerdotal em 29 de Julho de 1929 e encarrega-se da Sopa dos Pobres, em Coimbra. «Doente como então era – disse - o meu Prelado havia-me dispensado de todas as obrigações, tendo eu tomado esta de visitar Pobres por não servir para mais nada...». Dedica-se ao apostolado da Caridade nos tugúrios de famílias em dificuldades. Visita hospitais e cadeias. De 1935 a 1939 organiza Colónias de Campo em S. Pedro de Alva, Ceira e Miranda do Corvo; e funda o Lar do Ex-Pupilo dos Reformatórios, na Rua da Trindade, Coimbra, em 1 de Janeiro de 1941, depois entregue aos serviços Tutelares de Menores em 1950.Funda as Casas do Gaiato, Património dos Pobres, e Calvário.A morte surgiu no Hospital Geral de Santo António, do Porto, a 16 de Julho de 1956 (aos 68 anos), em consequência dum desastre de automóvel em S. Martinho do Campo, Valongo, no regresso duma viagem ao sul do País.Foi exumado a 15 de Julho de 1961, no cemitério paroquial de Paço de Sousa, e trasladado no dia 17 para a Capela da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, onde jaz em campa rasa - como fora seu desejo.” (inf, retirada da página da Casa do gaiato)

«É necessário que o mundo não pasme do que me dão..Mas, sim, que se aflija com o que me falta. É só a fome e sede de Justiça que eu tenho, que me leva... a mostrar a minha chapa de mendigo, só isso»
«Ai se tu soubesses como é lindo o Evangelho dos pobres...Se tu tivesses a experiência estupenda que este Evangelho tem...os montes caminhariam à tua frente e tu, silencioso, com a chave do mundo na mão, cantarias vitória...»

...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

...shiu...








































































Hoje mostro-vos um tesouro que é Nosso: as 10 obras mais valiosas da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
Antiga Bíblia hebraica
Bíblia latina, dita das 48 linhas
Vita Christi de Ludolfo da Saxónia, "em lingoagem"
As Tábuas dos Roteiros de D. João de Castro
Códices chamados de Dom Flamínio
Primeira edição de "Os Lusíadas"
Livros de coro do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
Conjunto de dicionários, vocabulários e gramáticas de tupi-português do século XVIII
Conjunto dos manuscritos e livros de Almeida Garrett
Álbuns dos "Monumentos Architectónicos de Coimbra"
Vejam bem AQUI





domingo, 13 de julho de 2008

sábado, 12 de julho de 2008

...12.VII...



Não há nada de novo a dizer sobre a falta que é sentida.
Não há nada de novo a dizer sobre a falta que é difusa mas constante.
Não há nada de novo a dizer perante o enorme vazio que provoca a presença de uma ausência.
É neste múltiplo nada de novo que está em mim esculpida a permanência da saudade.
Saudade que dói, doendo, no entanto, amenamente. Exactamente como eu sei que quererias.

terça-feira, 8 de julho de 2008

...a bússula ideológica...



Já não sabe se está à direita ou à esquerda? :))

Faça o teste AQUI.


O meu deu isto....

ehehehehehe

segunda-feira, 7 de julho de 2008

...tupa que tupa, passo medido e aprumo impante...



“…do alto da torre de S. Gens, o conde de Fróis acompanhava-lhes a progressão...Irritou-o o desplante da embaixada. Nada de sinais de paz: antes uma arrogância muito ufana de quem entra em redondel de touros….Vinham vindo, e nem a para a praça olhavam.
- Eu já lhes dou o ripanço! – murmurou o conde para consigo. E chamou o capitão da guarda...


Comprado hoje na Feira do Livro da Maia (14,90 euros) esta obra de Mário de Carvalho, “A paixão do Conde de Fróis” é um retrato de Portugal do tempo do Senhor Dom José I, em que mandava de facto Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, Marquês de Pombal. Um Portugal em plena Guerra dos Sete Anos”, em que se mesclam vários “portugais”. A acção desenrola-se em S. Gens uma mítica praça-forte raiana e conta a história de um cerco. Lê-se, com prazer, num ápice.
Mário de Carvalho, que se notabilizou sobretudo com o seu livro “Um Deus passeando pela brisa da tarde”, é um sólido autor português que merece mesmo ser lido. Para início de conhecimento da sua obra recomendo a sugestão de hoje, o outro título já referenciado e “Fantasia para dois Coronéis e uma Piscina”.

domingo, 6 de julho de 2008

...a sad story...

“Uma mulher de 91 anos esteve dois dias com a cabeça entalada entre o seu automóvel e o chão. A idosa, que vive sozinha, ficou presa sob o seu carro no domingo passado, porque rastejou à procura das chaves, entalando a cabeça entre a viatura e o chão da garagem.
Betty Borowski, de Greendale, nos arredores de Milwaukee, no estado de Wisconsin, foi encontrada na terça-feira e levada em estado crítico para o hospital. A sua situação médica não evoluiu até ontem, segundo disse uma sobrinha, Nancy DiMarco.
Na terça-feira, o carteiro reparou que a correspondência deixada na véspera não tinha sido levantada, pelo que perguntou aos vizinhos se sabiam do paradeiro da idosa.
Perante a resposta negativa, alertou a polícia que acabou por descobrir Betty debaixo do automóvel.
Os bombeiros locais içaram o automóvel e retiraram Betty Borowski, desidratada e confusa. Afinal, as chaves estavam na porta do automóvel. “

(fonte: Expresso)

Que os deuses me livrem de uma velhice prolongada neste dito Primeiro Mundo que nos estica a vida mas que nos retira qualquer sentido dentro da mesma a partir do momento em que ficamos velhos e nos transforma em personagens trágico-cómicas.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008