segunda-feira, 28 de abril de 2008

domingo, 27 de abril de 2008

...sobre o discurso abrilino do sôr presidente...

Confesso que o Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva tem-me surpreendido pela positiva enquanto Presidente da República, tendo em conta a forma como exerceu as funções de Primeiro Ministro. Considero que, de uma forma geral, tem contribuído para alguma réstia de sanidade do actual regime e que se tem controlado em relação a algum paternal autoritarismo que eventualmente lhe poderia ter ficado de outros tempos, se bem que foi esse mesmo paternal autoritarismo que o fez amado por tantos e que contribuiu para a sua vitória presidencial.
Considero que Cavaco neste universo de mediocridade até consegue ser o melhorzinho dos medíocres. Aproveito para declarar que nunca e em circunstância alguma votei nele, mas eu não votei mesmo ao contrário de muita gente que em tempos idos lhe concedeu a maioria absoluta e que depois afirmava a pés juntos “eu não votei nele, credo!”, fazendo-me muitas vezes pensar como é que o homem teria conseguida a tal maioria já que afinal ninguém tinha votado nele.
O discurso do dito no passado dia 25, além de ter contribuído para dar a ganhar algum dinheirito à Católica para produzir um estudo sobre coisas que toda a gente sabe, bastando não dormir o dia todo, esteve bem. Esteve à altura do palco, cenário, co-actores e maioria dos espectadores.
Foi desinteressante, lapalissiano.
Se o “Sôr” Senhor Presidente em vez de dizer que os “jovens não sabem nada sobre o 25 de Abril”, tivesse dito “os jovens não sabem nada sobre muito e muito pouco sobre pouquíssimo e eu, enquanto ex-Primeiro Ministro com maioria absoluta durante duas legislaturas, tenho muita vergonha sobre esta situação”, talvez me tivesse feito arrebitar a orelha que tapa o ouvido que melhor escuta e pensar cá comigo: “ora aí está um filho de boa gente”.
Mas não disse nada disso e a tal orelha – que por mero acaso é a esquerda – não se arrebitou.
Assim sendo, “lá vamos cantando e rindo….”.

...do tempo dos barbeiros-tiradentes...


sábado, 26 de abril de 2008

...do cravo e da varejeira...


Para mim o mais execrável do antigo regime nem sequer é o facto de ter sido uma ditadura longa e chata.
O mais execrável do antigo regime, na minha opinião, foi ter sabido catalizar o pior do que há em muitos portugueses.
O pior que há em muitos portugueses é uma propensão natural para a denúncia, para os “empenhos e cunhas”, para o “medinho e respeitinho”, para o ósculo anal aos poderosos e o pisar os calos aos mais fracos.
O antigo regime serviu-se disso tudo. O ruralista Salazar, que nem sequer se sentia o “dono da quinta” mas muito mais o seu feitor, com matreirice adquirida do berço, enformada previamente ao parto pela escolha da “Senhora Madrinha” adequada, sublimada pelas passadinhas curtas em corredor de seminário, sabia muito bem disso tudo e como lidar com “o pessoal”.
No entanto, desenganem-se todos aqueles, que essa desgraçada propensão se quebrou ao som da Grândola Vila Morena.
Está cá, continua cá e por cá, em todas as esquinas, se pode encontrar, da mesma forma que sempre que houver merda se encontrará a zumbidora varejeira.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

terça-feira, 22 de abril de 2008

...saramago...saramaguices...

“Esta exposição é um presente meu a Lisboa”
A presunção e a arrogância deste velho controleiro do PC é incomensurável.
Mais uma manifestação da personalidade tortuosa deste autor medíocre.

...ideias, ideias, ideias....










A sedimentação do “Bloco Central” que governa o País há décadas corresponde a uma resposta que o País deu ao desgaste provocado pelas clivagens ideológicas surgidas nos anos imediatamente após o 25 de Abril.
O País precisava de serenar - e de tal forma foi a necessidade de serenar que até o assassinato de um Primeiro de Ministro e do Misnistro da Defesa foi absorvido pelo mata borrão desse imperativo - e arregimentou ao “centro”, suficientemente amplo para uma gestão maximizada dos interesses.
O problema é que essa gestão maximizada dos interesses foi efectuada à custa da morte das “Ideias” e da necessidade da reflexão consistente para a elaboração de projectos e estratégias destinadas a conduzir um País num contexto planetário de mudança.
O “centro” provocou a navegação sem norte, ao mero sabor dos modos, dos tempos e das circunstâncias.

Provocou o culto da competitividade e do sucesso a qualquer preço, catalizou o paradigma da ignorância e sacralizou a fulanização.
Hoje isso deixou de ser possível porque o País está mergulhado numa profunda crise, que para além da económica é de valores, confrontado com um “Mercado” que já não é mais um instrumento para a qualidade vida para ser um déspota condicionador.
Os valores só se reconquistam através das “Ideias” e as “Ideias” precisam uma das outras para se fortalecerem ou fenecerem.
É preciso que apareçam à discussão e ao escrutínio público muitas “Ideias” para Portugal e para os Portugueses.
“Ideias” que pintem o Portugal que somos e o Portugal que queremos ser com cores nítidas e susceptíveis de escolha.

“Ideias” que equacionem valores como a liberdade, a responsabilidade, o conhecimento, a solidariedade e o patriotismo, e os expressão segundo cada uma das suas específicas formas.
Por outro lado é necessário acabar a confusão existente – e a comunicação social tem algumas culpas nesse cartório – que comentar é idealizar. São coisas distintas. O comentário faz sentido em relação ao idealizado e ao praticado.
Estamos pejados de comentadores político-sociais e numa enorme míngua de pensadores político-sociais.
Os partidos políticos – sobretudo os do “centrão” – perderam essa capacidade e – se calhar – em rigor nunca a tiveram porque aparentemente não parecia necessária. Mas é e muito. O resultado está à vista.
A urgência das “Ideias” não é nenhum romantismo. Bem pelo contrário, é de um pragmatismo absoluto.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

...o incomensurável peso da precaridade...


Há quem afirme – e de forma excelente – que o sonho comanda a vida. Eu não comungo de tal certeza. Para mim, o almirante da vida, é a precaridade.
Brincando com Kundera digo que é o incomensurável peso da precaridade que perspectiva e condiciona a vida.
O sonho advém do reconhecimento da precaridade. Note-se que não digo a ilusão. A ilusão faz-nos esquecer a precaridade e embriaga-nos até ao demasiado tarde, até a incontrolável demagogia.
É com o sonho que encontramos o consolo contra a precaridade.
Somos de uma natureza precária. Natureza física e natureza espiritual. Basta um “ar que nos dê” para irmos desta para pior, seja sete palmos abaixo ou sete andares acima do r/c do hospício.
Vivemos num planeta precário, dependentes de uma estrela precária, sustentada em 92% de hidrogénio, o mais precário e instável de todos os elementos químicos.

domingo, 20 de abril de 2008

..todos fomos bebés...






Há cento e dezanove anos nasceu, em Braunau am Inn (Austria) , um bebé.

sábado, 19 de abril de 2008

...a vera cinzenta natureza da cor das coisas...



Há quem afirme, e eu até já vi umas fotografias disso, que Terra vista do alto é azul. Pode ser que assim seja, mas esse azul é uma ilusão óptica.
A cor do mundo é cinzenta que é como quem diz que o cinzento é a cor da Terra.
Sendo facto provado e propalado que não há branco nem preto, realmente não resta mais do que o cinzento.
No cinzento ensopado dos nossos invernos apreendemos a paleta das coisas.
No cinzento esbatido da impressão que colhemos do que nos parece, descobrimos a verdadeira natureza do que se passou, passa e passará e com essa descobertas recebemos como brinde cromático a verdade da sua cor: cinzento.

...sobre o "estou disponível"...

Começo a ficar farto da expressão “estou disponível”.
Quem costuma estar disponível ou são as putas (disponíveis para quem lhes paga) ou os reservistas (disponíveis para quando a Nação quiser).
Em política, como aliás como em quase tudo na vida, ou se QUER ou NÃO SE QUER.
"DASS!!!"

segunda-feira, 14 de abril de 2008

domingo, 13 de abril de 2008

...o que eu ainda não sei hoje, aqui em La Lys...




Estou sentado com as costas apoiadas na parede de lama deste buraco. Tenho as mãos apoiadas num charco fétido, quente, de vísceras e de sangue. Mal consigo respirar, o ar é uma nuvem nauseabunda e parda de enxofre. A minha perna esquerda está rasgada do início da coxa ao joelho, parecendo um cordon-bleu recheado a estilhaços de aço. Faço um esforço para olhar para os meus lados, tentando descortinar o que quer que seja para além desta cortina mortalha. Vejo vultos de corpos torcidos. Ouço um clamor difuso de gemidos, abafado de vez em quando por uivos de dor.



Ainda não o sei, mas amanhã serei amputado.



Ainda não sei, mas amanhã saberei que dos 15.000 que éramos, serei um dos 7.500 homens, entre mortos e feridos, que em apenas quatro horas de batalha, aqui tombaram. Ainda não o sei, mas amanhã saberei que hoje a minha vida de homem acabou, substituída por um longo penar feito de uma muleta, de um braço estendido, de uma memória perdida e de parcas esmolas sob as arcadas do Terreiro do Paço.



Há tanta coisa que eu ainda não sei, tantas aquelas que hoje, embora saiba, já não fazem qualquer sentido.

sábado, 12 de abril de 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

quarta-feira, 9 de abril de 2008

...depoimento inútil...




Eu gosto de chá, servido num copo de vidro e mexido com uma colher de porcelana.

...carta de pulsante a um ar de......

Um ar…,

Procurar é sinónimo de viver. Quanto ao encontrar, embora não seja sinónimo de morrer, não anda muito longe desse seu significado.
A procura contínua não significa não descobrir. Desde que nascemos descobrimos. O problema – ou melhor dizendo a “essência da coisa” – é que não há descobertas fechadas. Cada uma das descobertas feitas, impele-nos para a procura da descoberta seguinte, e assim de forma sucessiva até a tal coisa parecida com o encontrar, encontro a desfrutar sete palmos debaixo ou dentro de um pote, conforme a vontade ou conforme calhar.
O que distingue – salvo tragédia de monta – o feliz do infeliz, é que o primeiro encontra prazer nas descobertas intercalares e o segundo convence-se que só o será quando tiver encontrado.
Descobrir é conhecer. Conhecer um pouco mais do que se conhecia. Esse passo, mesmo que muito pequeno, é passível de gerar felicidade, até porque a mesma propriamente dita nem sequer existe – não passa de um conceito abstracto – apenas existem momentos da dita.
Não significa isso que tudo o quanto se vai conhecer seja bom. Bem pelo contrário, a maior daquilo que vamos conhecendo é uma belíssima trampa, no entanto o facto de sermos capazes de o descobrir é uma grande vantagem na rota do apaziguamento com o modo, com o tempo e com as circunstâncias.
"Passa bem. Adeus."

Pulsante

terça-feira, 8 de abril de 2008

...uma das muitas cartas de Séneca a Lucílio...


“…Certamente prejudica muito quem nos detém numa vida tão breve, que tornamos ainda mais breve com a nossa inconstância, reiniciando-a inúmeras vezes. Deste modo, fraccionamo-la, despedaçamo-la. Por isso, apressa-te, caríssimo Lucílio, e pensa quanto mais correrias, se fosses perseguido por um inimigo, se suspeitasses que se aproximava um cavaleiro pisando os calcanhares dos fugitivos. De facto, é mesmo assim: apressa-te e foge, vai para um lugar seguro e pensa muitas vezes em como é belo completar a vida antes de morrer, para, depois, esperar em segurança os dias que nos restam, sem nada pedir para si mesmo, na posse de uma existência feliz que não se torna feliz por tornar-se mais longa. Quando chegará aquele dia em que saberás que o tempo já não te pertence, em que viverás tranquilo e sereno, sem te preocupares com o amanhã e plenamente saciado em ti mesmo! Queres saber o que torna os homens ansiosos pelo futuro? Ninguém pertence a si mesmo. Os teus pais para ti desejaram outras coisas; eu, pelo contrário, desejo que desprezes tudo aquilo que eles quiseram que tivesses em abundância. Os seus desejos espoliarão muitos para enriquecer-te; tudo o que te transmitiram tiraram a outro. Desejo-te que disponhas de ti livremente e que o teu espírito, agitado por vagas fantasias possa, por fim, descansar e afirmar-se, e que se compraza em si próprio, e compreendendo os verdadeiros bens (compreendê-los é quase possuí-los) não sinta necessidade de aumentar o número de anos. Quem vive depois de ter completado a sua vida já superou todas as necessidades e conseguiu emancipar-se e ser livre. Passa bem. Adeus.”

Lúcio Anneo Séneca

sábado, 5 de abril de 2008

...isto não é futebol...é revista...

“Felizmente têm em São João da Madeira, eu não tenho infelizmente, um grande presidente da câmara e é no poder local que temos de fazer a resistência contra o centralismo".

“o FC Porto é um símbolo do Norte, aqui nasceu Portugal
Não nos calarão por mais pontes que façam, nem por mais milhões que nos levem
«lutar contra o centralismo absurdo”



Nada mais triste que o grito esganiçado de um faisão no momento em que é degolado. Em nada difere do da galinha.
Pinto da Costa não percebeu ainda o estado em que está e o mal que faz ao Futebol Clube do Porto.
É patética esta tentativa de acenar com o discurso “nortista versus sulista” para disfarçar o facto que em escassos três anos Jorge Nuno Pinto da Costa “deitou pela janela” todo o justo capital que granjeou como um lutador forte e respeitado.
Quem deve estar a agradecer muito estas palavras é o Sr. Dr. Rui Rio.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

quinta-feira, 3 de abril de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

...colors magazine...


Fotografia da Colors Magazine
ver AQUI

terça-feira, 1 de abril de 2008

...shunga...




“Shunga” é uma antiga expressão artística erótica japonesa, utilizando as técnicas da gravura, desenho e pintura.




Para saber mais ver AQUI e AQUI.

...a mão de deus...