segunda-feira, 21 de abril de 2008

...o incomensurável peso da precaridade...


Há quem afirme – e de forma excelente – que o sonho comanda a vida. Eu não comungo de tal certeza. Para mim, o almirante da vida, é a precaridade.
Brincando com Kundera digo que é o incomensurável peso da precaridade que perspectiva e condiciona a vida.
O sonho advém do reconhecimento da precaridade. Note-se que não digo a ilusão. A ilusão faz-nos esquecer a precaridade e embriaga-nos até ao demasiado tarde, até a incontrolável demagogia.
É com o sonho que encontramos o consolo contra a precaridade.
Somos de uma natureza precária. Natureza física e natureza espiritual. Basta um “ar que nos dê” para irmos desta para pior, seja sete palmos abaixo ou sete andares acima do r/c do hospício.
Vivemos num planeta precário, dependentes de uma estrela precária, sustentada em 92% de hidrogénio, o mais precário e instável de todos os elementos químicos.