domingo, 29 de junho de 2008
...sugestão de leitura...
“Che belle tette, che gentil bocchetta!
Chi podesse vederte ai drapo sotto,
Che belle chiappe, e che monina stretta! »
« Che giova el scettro, e la corona,
e che i ve fazza anca i archi trionfali,
quando che no se pol piú andar in mona?”
quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
...:))))....
domingo, 22 de junho de 2008
sábado, 21 de junho de 2008
...chegado a este ponto...
Chegado a este ponto, ele, só gostava de comer o que se pode comer logo de imediato ou após qualquer coisa de muito simples como descascar, cozer ou grelhar.
Chegado a este ponto, ele, só gostava de beber água ou rum amarelo.
Chegado a este ponto, ele, só gostava de ler as tabuletas: a da barbearia, a da mercearia-bar e do “há quartos”, dentro destas preferindo as mais completas que diziam “há quartos com água quente”.
Chegado a este ponto, ele que tinha decidido suicidar-se assim, só tinha pena de não ser surdo nem mudo. À cautela, com medo que fosse castigado com a cegueira, continuava a ouvir e a falar, mas fazia por ouvir muito pouco e a falar ainda menos.
Chegado a este ponto, ele, enganava toda a gente enganando-se a ele próprio: a gente pensava que ele estava vivo, quando ele sabia que estava morto, a ele próprio porque se acreditava fantasma quando toda a gente o via vivo.
Chegado a este ponto, ele, estava-se nas tintas para tudo e para todos.
Chegado a este ponto, tudo e todos, estavam-se nas tintas para ele.
Chegado a este ponto, estava encontrado o ponto certo. Acertadamente.
...descoberta astronómica...
sexta-feira, 20 de junho de 2008
...
terça-feira, 17 de junho de 2008
segunda-feira, 16 de junho de 2008
...exposição de trabalhos de joão carqueijeiro...
Para além da identidade clara e intrínseca de cada uma das peças, esta exposição dos trabalhos de João Carqueijeiro permite uma leitura, talvez secundária, mas quanto a mim possível – e de certa forma evidente – da sua atitude, enquanto artista, perante os materiais, os elementos e as formas.
Carqueijeiro tanto é um combinador de materiais e um controlador da acção dos elementos na sua relação com os primeiros, como é um tirano benévolo que não abdica do “imprimatur” da forma.
No entanto, seja qual for a sua atitude/comportamento perante a natureza das coisas, catalizador ou ditador, o resultado é, para conforto do olhar, sempre esteticamente belo como belos são todos os cordões umbilicais que nos unem a Gaia, de uma forma não artificial.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Parabéns Pessoa
Pessoa é fractal. Dentro de cada Pessoa há outro Pessoa e assim, sucessivamente, sem fim, sem haver Pessoa para além de Pessoa, da esconsa viela à Avenida do V Império.
Pessoa é a lucidez das mensagens ambíguas, do que não gosta de ser, gostando de não gostar de ser ao mesmo que gostaria de ser Pessoa diferente.
Pessoa é um nevoeiro denso leve, etílico, mas matematicamente preciso.
Pessoa é a ansiedade do horóscopo, a fragmentação da rocha de praia, o astrolábio do desamor que muito ama.
Pessoa é mesa de café a navegar à deriva num oceano de aguardente salgada por lágrimas.
Pessoa é um gigante, disfarçado em não Pessoa que usou óculos redondinhos.
Pessoa é o ridículo elevado ao máximo expoente da farsa que esconde a mais séria das verdades: o destino, fatal, roleta pré-programada.
Pessoa, o Portugal D'Além.
Nasceu Pessoa, denominado Fernando, há 120 anos.
Post scriptum: Eu, europeu de nado-geografia, tropicalista por inevitabilidade, medianamente conhecedor da História e das suas circunvoltas, um estudioso e praticante da natureza humana, nunca me quis convencer das vantagens da “União” que, aliás, considero um mero episódio da conjuntura alargada e não uma estrutura, rio-me com este “Não” irlandês.
Não deixa de ser curioso que no único país onde o povo se pode pronunciar, pronunciou-se pela negativa em relação ao desconcerTratado de Lisboa.
A Europa-unidade é um mito fixado pelas fronteiras do cristianismo continental, pontualmente conseguida pela força da espada e dos canhões, mas nunca sem resistência e sem, ab initio, as sementes da sua destruição.
Bela maneira de comemorar os 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
...um livro com "L" maiúsculo...
"É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação, seja onde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se não devíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos, tal a densidade interior que acumulámos..." CLEMENTE, D. Manuel.
"Portugal e os Portugueses", de autoria de D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e também um enorme vulto da Cultura Portuguesa, editado pela Assírio & Alvim. Quando a erudição se junta a uma extraordinária capacidade de comunicar...há muito tempo que não lia um livro tão bom, escrito por um português, sobre coisas fundamentais para nós.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
...um miminho pós tortilha escangalhada (mas muito saborosa)...
Uma Civilização que está apenas presa pelos arames da sua própria presunção, que é abalada por alguns aviões que espetam contra torres, por um bloqueio de transportes e pela alta do petróleo.
A Humanidade - e este nosso lado, apesar de tudo, ainda é o melhor lado para ser gente – fabricou a corda com que se vai enforcar (e não apenas o capitalismo como afirmou Lenine), que é como quem diz criou condições objectivas para a sua própria extinção.
Tudo é debilidade, tudo é aparência, tudo é fragilidade.
Fizemos do mundo um imenso castelo de cartas que está já a derrubar-se.
O caos já cá anda, o tempestuoso noutras latitudes, o canceroso por cá. Devagar, devagarinho, como quem chama por nós, já se ouve o ruído dos cascos dos quatro cavalos que transporta o Conselho de Administração da empresa Apocalipse, SA.
...cogitação pós-bola...
Eu, se fosse o Sócrates, mandava distribuir gratuitamente pistolas de paint ball.
terça-feira, 10 de junho de 2008
...Viva o Dia da ex-Raça!...
Não vejo nenhum mal ao mundo e mesmo no tempo em que o 10 de Junho era o Dia da Raça essa raça nunca foi de cariz étnica, sempre foi uma raça branca, negra, amarela e até vermelha. A questão da “Raça” era outra coisa, uma outra coisa própria de outros tempos e de outros pensares. Não se celebrava a cor da pele mas sim um sentir de Portugal, de Minho a Timor, celebrava-se uma raça de marinheiros e andarilhos, de heróis e missionários, uma raça de poetas e soldados.
Pode ser politicamente incorrecto – mas estou-me a marimbar para isso – mas prefiro mil vezes o espírito da comemoração do Dia da Raça do que a estopada de novos Comendadores de enfiada, o raminho no túmulo de Camões e a “ranchada” em todas as associações de emigrantes. Cada qual é como é e eu sou assim.
Viva o Dia da ex-Raça!
...dez de junho...
segunda-feira, 9 de junho de 2008
domingo, 8 de junho de 2008
...um ar de provocação...
Esta afirmação de “Um ar de” no seu comentário ao meu “post” anterior, suscitou-me a vontade de pensar nisso. A sua constatação resultou, em mim, numa provocação….
Sou, antes de tudo o mais, um cultor de sensações. Sensações que me alimentam a minha “ideia” de e da vida. Essa ideia é uma construção harmónica, alicerçada em consonâncias mas também em dissonâncias, que é o mesmo que dizer que a minha harmonia ideal – pensada e prosseguida – é feita de equilíbrios e desequilíbrios, de pontos com contrapontos mas também de pontos e desapontos (e aqui nasce um neologismo).
Cultivo, até ao limite – às vezes para além do chamado limite racional ou tolerável, porque nunca me coibi de arriscar a própria vida, pulsão que nem os alegados deveres perante um papel social nem o estatuto de paternidade, conseguiram eliminar.
Busco a sensação, de forma incessante, quer no objecto, se for suficiente, quer em mim mesmo, forçando o objecto a ser reagente em fórmula química interior.
Tento esgotar nesse dito objecto – e nele tudo cabe – a minha capacidade de absorção sensorial e se perceber que isso não basta, forço-me a arrancar-lhe o que falta para além dos sentidos.
A vida para mim não é em si mesma mas também não é uma passagem. Para mim a vida é um instrumento. Um instrumento a usar até à exaustão, sabendo sempre que não sei para o que serve, a não ser que sei que serve para a dissecação.
Essa dissecação é uma provocação permanente e assim sendo, sou muito mais um provocador que provoca para se auto-provocar que um esteta. Um esticador de cordas – e quanto a isso a idade ajudou a saber, quase com exactidão, até onde esticar, a parar no exacto micro-segundo, antes que as mesmas se partam.
Se a economia fosse feita de sensações eu seria, sem qualquer dúvida, um dos Onassis do planeta. Tenho uma enorme arca cheia de memórias – pegadas na alma – altamente rentáveis, mas apenas na minha Wall Street interior e privadíssima.
sábado, 7 de junho de 2008
...o fantasma do café colonial...
A sala sombria e funda, com as suas paredes brancas intercaladas com painéis de madeira escura, estava quase vazia. Das trinta mesas redondas, de pés robustos e tampo de mármore amarelado pelo tempo, só três ou quatro é que estavam ocupadas.
Encostado ao balcão, enfadado, o empregado segurava a bandeja metálica encostada à barriga, parecendo um discóbulo mumificado, a olhar o velho violoncelista que penosamente afagava a cordas, numa obrigação mecânica e saturada, cujo efeito era o de adensar com notas cavas o ar já de si carregado com o peso húmido daquele estio tropical.
E lá estava ele. Sentado na sua mesa de sempre, a última encostada à parede leste. Ele, a mesa, a cadeira de madeira castanha dourada, a garrafa transparente de rum da mesma não cor, mas que se teima em chamar branco, e o copo baixo de vidro grosso estriado, formavam uma composição estática, roubada ao fluir do tempo, testemunho de algo indefinido que já passou. Uma época, uma forma de vida – a dele e dos deles que já não estão -, que se extinguiu sem glória e sem semente.
E assim, ele, o velho dono da plantação que é hoje uma ruína e um vasto matagal, derrotado pelos fluxos do mercado, que transforma suor, lágrimas e vidas em números que a ele, velho, nada diziam e que não percebia porque é que o seu cacau, as suas bananas e o seu café, foram arrancados não pela catana renovadora das culturas, mas por uma filha da puta de uma flutuação de cotação.
E lá estava ele à espera de nada do nada que tinha, a embotar por querer a memória com o vapor do rum acre que lhe escorria a queimar a garganta, a esforçar-se por se sentir ele próprio um velho nada, porque sentir algo para além disso, provocava uma dor insuportável.
E lá estava ele. Sentado na sua mesa de sempre. Ele o fantasma do café colonial.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
FCP SAD sad
É um bocado esquisito verificar agora que uma entidade que optou por não recorrer de uma decisão disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol vai, sobre a mesma matéria, recorrer para uma decisão disciplinar da UEFA.
Há contradições que são inadmissíveis, a não ser que a única coisa que conte seja o "pilim". Para o velhinho FCP clube...havia mais coisas que contavam.
terça-feira, 3 de junho de 2008
segunda-feira, 2 de junho de 2008
domingo, 1 de junho de 2008
...pensamento pré-sono...
Uma causa de merda e ainda por cima a ser ganha com os pés dos outros.
...elegia do...
A tua pele dourada, dura mas delicada,
é um irresistível apelo a que te toque e segure
com uma firmeza suave.
Não resisto a comer-te, com muita vontade de o fazer sofregamente,
mas condeno-me à doce pena de te deglutir devagar,
tomar-te, calmamente, o gosto em todas as papilas,
vibrar com a tua humidade doce, temperada pelo toque da especiaria,
aperceber o teu escorrer denso enquanto te desfazes em mim
e depois de consumado que está, lamber já com saudades de ti
….o que de ti em mim se escapou
.....................................................................pastel de nata...