sexta-feira, 30 de março de 2007
terça-feira, 27 de março de 2007
E o Salazar ganhou...
António de Oliveira Salazar foi o mais votado por todos aqueles que participaram no concurso, organizado pela RTP, denominado “Os Grandes Portugueses”. Eu também participei e votei no D. João II, que considero o melhor estadista português de todos os tempos.
Essa vitória deve merecer uma reflexão, já que é estranho que no ano de 2007, um País democrático como o nosso, integrado na União Europeia, dá tanta relevância a alguém que foi efectivamente um ditador, que durante décadas governou Portugal, com mão de ferro, tenazes da polícia política e a ajuda de muitos e muitos bufos.
Não acredito que a maioria das pessoas que votou em Salazar, sejam todas “salazaristas” (algumas serão, admito), ou sequer tenham memória e conhecimento do que foi o Estado Novo.
Este voto tem que ser entendido como um repúdio. Não como um repúdio da Democracia em si mesmo, mas sim um repúdio da configuração que a mesma tem vindo a assumir.
Considero que Portugal vive a última oportunidade para se revelar um Estado Nação viável nos novos contextos geo-políticos, económicos, sociais e científico-tecnolológicos deste século XXI, cujos paradigmas caracterizadores são, evidentemente, diferentes dos anteriores.
O que está em causa, pelo menos no meu entendimento, é a necessidade de se encontrar uma fórmula eficaz de melhoramento do próprio regime, em que os partidos políticos abandonem o seu papel hegemónico enquanto instrumentos únicos para o um exercício pleno da cidadania e percebam que ou criam espaço para novas e eficazes possibilidades de intervenção cívica ou o regime, mais dia menos dia, ruirá. Por outro lado é vital que aos poderes legitimados constitucionalmente, o legislativo, o executivo e o judicial, não se sobreponham outros que acabam por os contaminar, pervertendo toda a lógica do funcionamento das instituições.
Quanto ao debate partidário, o mesmo devia assentar nas propostas de solução dos verdadeiros problemas do País, que são provocados, todos eles sem excepção, por um antigo mal português: uma tentação inata para o desperdícios dos recursos disponíveis, a começar pelos recursos humanos.
O desperdício dos recursos humanos acontece quando não colocamos a questão da formação – formação integral a todos os níveis – como uma verdadeira prioridade nacional. A questão da produtividade é uma questão de formação integral para a cidadania. Um cidadão só o é em pleno quando usufrui de iguais oportunidades de valorização e de responsabilização.
A “Cultura” não pode andar arredada da “Educação”, e esta não pode continuar dissociada da Formação Integral. Os deficits económicos e financeiros do amanhã, combatem-se e atenuam-se pelo investimento sério, hoje, na Formação. Bons empresários, bons quadros, bons operários, enfim bons profissionais, não nascem por obra e graça do Espírito Santo, é preciso formá-los.
O nosso grau de dependência internacional, a pobreza dos nossos recursos naturais e humanos é tamanha que, na verdade, faz de nós um país de pacotilha.
De pacotilha e de ignorantes. A ignorância é hoje o único paradigma vigente. O povo e as suas elites são, regra geral ignorantes, ou seja os governados são ignorantes, os governantes são ignorantes.
O sistema de ensino é povoado de ignorantes irresponsáveis que produzem, à escala industrial, toneladas e toneladas de novos ignorantes. A licenciatura mais honestamente comum em Portugal é a Licenciatura em Ignorância, ministrada em todos os estabelecimentos de ensino superior do País. As universidades, apesar de proporcionarem uma formação com alguma qualidade, do ponto de vista meramente técnico e até científico, do ponto de vista humanista – ou seja daquilo que é fundamental para a formação integral do Homem – é absolutamente incapaz. Temos hoje professores que nunca leram, sequer, 10 livros em toda a sua vida, temos hoje médicos, advogados, engenheiros, arquitectos, deputados, ministros, jornalistas, etc, etc, que nunca leram 10 livros na vida.
Mas será que ler livros, sobretudos bons livros é importante, e que a ausência da sua leitura tem efeitos assim tão dramáticos? Claro que sim. Claro que tem.
A justiça fiscal não é uma questão de escalões mas sim de eficácia no sistema de cobrança de impostos e de uma política fiscal diferenciada que combata as assimetrias regionais.
A pobreza deve ser encarada como intolerável, e se para a combater for necessário o subsídio que se subsidie e que se a extermine.
Por mais do que os “Senhores” Liberais e os “Senhores Vodka Caviar” esperneiem, há um facto indesmentível: o País é pobre, o País tem cada vez mais pobres!
O “mercado”, deixado à solta, num País como o nosso é autofágico. E que “mercado” temos? Um mercado em que pululam patrões e escasseiam empresários! Um “mercado” caracterizado pelos Ferraris e pelas falências fraudulentas! É preciso que se saiba, é preciso que se lembre, que a maior parte dos “patrões” portugueses só singraram à custa de guarda-chuvas, fossem eles o proteccionismo corporativo ou o maná dos subsídios da Europa.
Claro que há excepções, mas são isso mesmo: excepções!
O prejuízo de certas empresas públicas não deriva directamente do facto de serem públicas, mas sim por serem administradas por incompetentes, e casos há que as mesmas têm mesmo que dar prejuízo, aquelas que o tal “mercado” recusa absorver, que pela natureza dos serviços que prestam ou dos bens que produzem, não são lucrativas em parte nenhuma do mundo.
A mim aborrece-me que a TAP tenha dado tanto prejuízo, mas o que me irrita verdadeiramente é comer manteiga francesa dentro dos seus aviões. Haja decência e juízo. Temos campos, temos vacas e temos agricultores. Comemos manteiga francesa dentro dos nossos aviões, porque o tal “mercado” assim o dita.
A “Nação valente e imortal” precisa de auto-pontapear nos seus avoengos fundilhos. Precisa, como se costuma dizer, ganhar juízo.
A “Nação valente e imortal” tem que olhar para dentro de si mesma e ver. Ver o que é, e não cair na tentação de ver o que quer ver.
quinta-feira, 22 de março de 2007
terça-feira, 20 de março de 2007
do meu baú "quando era novo"...Olá Primavera !
Comprei o bilhete…320$00 (caro para a época) e lá fui eu mais o gang.
O concerto era no Infante de Sagres às 21.30h.
Chegamos à rua que dá acesso ao pavilhão por volta das 20.45h. Uma fila imensa….
Por azar, comecei a caminhar pelo lado esquerdo do passeio, empurrado, compactado, contra os muros das casas…
De repente…um portão aberto, seguro-me, apoiando-me na esquina, distraído meto um dedo na zona da dobradiça. Um dos “caramelos” do gang resolveu fechar o portão…e sqrrich…lá fiquei com a ponta do dedo esmagada.
Passei o concerto todo a sangrar, com um lenço empapado embrulhado no dedo desunhado (indicador da mão direita)…
O que vale é que o vapor que se respirava era de tal maneira anestésico, que nem um pingo de dor senti. :))
Nunca mais esqueci o dia em que começa a Primavera…nem o concerto dos Camel em Portugal.
segunda-feira, 19 de março de 2007
Monday morning
O simples tique-taque de um relógio de parede rasgando o silêncio de uma casa vazia, confronta-nos com a nossa imensa fragilidade finita, com a impossibilidade do controle do fundamental – só estamos aptos a controlar o acessório -, com o incomensurável peso da História que se fez antes de nós e da que fará para além de nós.
No entanto, mesmo sendo assim – e assim é – há espaço, razão e oportunidade para continuarmos – sem muita amargura – a desempenhar o papel secundário que a todos nós nos coube.
O labirinto em si mesmo e seu sentido intrínseco só revela a sua utilidade à saída. O percurso sinuoso, esquinado, na maior parte das vezes sombrio, que fatalmente percorremos, ou seja a configuração do labirinto – há quem lhe chame destino – é a vida que nos coube. Essa vida, para uns, é segmento, para outros é o que é e nada mais.
Sendo uma coisa ou outra, pouco interessa, até porque estas verdades não são reveladas a ninguém, quando muito intuídas, “é” para além dessa incerteza, sendo mesmo a única certeza disponível.
Neste universo tão aparentemente exíguo que nos coube, o que vale e consola é o valor do bom momento, a importância do ápice que sabe e faz bem.
Somos assim, titubeantes, mergulhados num vendaval de afectos, sentimentos, certezas empíricas, comportamentos aferidos por uma régua-norma circunstancial, sujeitos e agentes de juízos mundanos, areia, areia e areia.
domingo, 18 de março de 2007
quinta-feira, 15 de março de 2007
Alguns dos meus Grandes Portugueses da Segunda Metade do Século XX
quarta-feira, 14 de março de 2007
Comunicado da AI
Comunicado da Amnistia Internacional:
Cuba:
Libertad inmediata e incondicional para los presos de conciencia
Con la mirada internacional y mediática casi exclusivamente puesta en la salud de Fidel Castro y en la sucesión al poder en Cuba, 65 presos de conciencia siguen encarcelados en Cuba por el ejercicio pacífico de sus libertades fundamentales. Algunos, como Francisco Chaviano, desde hace 13 años.
Algunos de los "delitos" por los que han sido condenados han sido, por ejemplo, la manifestación pacífica de sus opiniones o redactar artículos sobre diversos temas de la vida cotidiana. En el juicio de Iván Hernández Carillo (25 años) se presentaron como pruebas acusatorias un ordenador supuestamente enviado desde Estados Unidos y facturas de dinero supuestamente recibido para su biblioteca privada.
segunda-feira, 12 de março de 2007
domingo, 11 de março de 2007
sábado, 10 de março de 2007
sexta-feira, 9 de março de 2007
quinta-feira, 8 de março de 2007
Parabéns RTP
Ontem, tal e qual como milhares de outros portugueses, assisti à festa do 50º aniversário da Rádio Televisão Portuguesa.
Sendo eu um produto da colheita de 1964, a minha sombra televisiva foi, evidentemente, a RTP.
O primeiro programa televisivo de que me lembro, claramente, foi a chegada do Homem à Lua, em 1969, a que assisti olhando, espantado, para a velha Grundig lá de casa.
A RTP, mais do que uma empresa televisiva, é uma espécie de estante da nossa memória colectiva e uma arca de muitas das nossas referências pessoais.
Que saudades de Vitorino Nemésio, de David Mourão Ferreira, de Vasco Granja, de José Carlos Ary dos Santos, e de tantos e tantos outros.
Que saudades da Pipi das Meias Altas, dos Pequenos Vagabundos e da Bonanza.
Que saudades do Mr. Magoo, do Tom & Jerry e do Duffy Duck.
Foi através da RTP que me confrontei com o outro lado da Guerra Colonial, intuído nas tristíssimas mensagens natalícias dos soldados portugueses no Ultramar, foi na RTP em que dei conta da nova manhã de Abril – e ainda me recordo perfeitamente de assistir à primeira conferência de imprensa da Junta de Salvação Nacional – e foi através da RTP que me horrorizei com a morte de Francisco Sá Carneiro e de Adelino Amaro da Costa.
Parabéns RTP.
terça-feira, 6 de março de 2007
Notícia perdida num jornal
Foi encontrado morto, sentado num banco do jardim público, um homem de idade mediana.
Não possuía quaisquer documentos com ele, a não ser um caderno de apontamentos e um livro estafado.
O caderno estava repleto de notas, escritas com letra miudinha, relacionadas com centenas e centenas de aldeias, vilas e cidades visitadas pelo defunto.
O livro, guardava entre as suas amareladas páginas, uma velha receita médica não aviada, um minúsculo ramo de alfazema seca e cinco guardanapos de papel cheio de desenhos de casas, gentes e montes.
A última pessoa a vê-lo com vida, foi uma rapariga que passeava o seu cão pelo jardim, que declarou que só o fixou porque ao passar por ele reparou nos seus olhos. Segundo ela, nunca se tinha deparado, até então, com um olhar tão triste.
A polícia, após aturadas investigações, usando o caderno de apontamentos como pista, chegou à conclusão que o morto apesar de ter visitado e visto centenas de locais, não foi, estranhamento, neles visto por ninguém.
Não tendo sido identificado o corpo e porque ninguém se queixou do desaparecimento, foi levado da morgue e enterrado em vala comum.