O simples tique-taque de um relógio de parede rasgando o silêncio de uma casa vazia, confronta-nos com a nossa imensa fragilidade finita, com a impossibilidade do controle do fundamental – só estamos aptos a controlar o acessório -, com o incomensurável peso da História que se fez antes de nós e da que fará para além de nós.
No entanto, mesmo sendo assim – e assim é – há espaço, razão e oportunidade para continuarmos – sem muita amargura – a desempenhar o papel secundário que a todos nós nos coube.
O labirinto em si mesmo e seu sentido intrínseco só revela a sua utilidade à saída. O percurso sinuoso, esquinado, na maior parte das vezes sombrio, que fatalmente percorremos, ou seja a configuração do labirinto – há quem lhe chame destino – é a vida que nos coube. Essa vida, para uns, é segmento, para outros é o que é e nada mais.
Sendo uma coisa ou outra, pouco interessa, até porque estas verdades não são reveladas a ninguém, quando muito intuídas, “é” para além dessa incerteza, sendo mesmo a única certeza disponível.
Neste universo tão aparentemente exíguo que nos coube, o que vale e consola é o valor do bom momento, a importância do ápice que sabe e faz bem.
Somos assim, titubeantes, mergulhados num vendaval de afectos, sentimentos, certezas empíricas, comportamentos aferidos por uma régua-norma circunstancial, sujeitos e agentes de juízos mundanos, areia, areia e areia.
3 comentários:
"areia, areia e areia." ... no doubt about that.
...
obrigada por.
@-,-'-
E não há "golden sands?" :)
Bela prosa.
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