segunda-feira, 19 de março de 2007

Monday morning

O simples tique-taque de um relógio de parede rasgando o silêncio de uma casa vazia, confronta-nos com a nossa imensa fragilidade finita, com a impossibilidade do controle do fundamental – só estamos aptos a controlar o acessório -, com o incomensurável peso da História que se fez antes de nós e da que fará para além de nós.

No entanto, mesmo sendo assim – e assim é – há espaço, razão e oportunidade para continuarmos – sem muita amargura – a desempenhar o papel secundário que a todos nós nos coube.

O labirinto em si mesmo e seu sentido intrínseco só revela a sua utilidade à saída. O percurso sinuoso, esquinado, na maior parte das vezes sombrio, que fatalmente percorremos, ou seja a configuração do labirinto – há quem lhe chame destino – é a vida que nos coube. Essa vida, para uns, é segmento, para outros é o que é e nada mais.

Sendo uma coisa ou outra, pouco interessa, até porque estas verdades não são reveladas a ninguém, quando muito intuídas, “é” para além dessa incerteza, sendo mesmo a única certeza disponível.

Neste universo tão aparentemente exíguo que nos coube, o que vale e consola é o valor do bom momento, a importância do ápice que sabe e faz bem.

Somos assim, titubeantes, mergulhados num vendaval de afectos, sentimentos, certezas empíricas, comportamentos aferidos por uma régua-norma circunstancial, sujeitos e agentes de juízos mundanos, areia, areia e areia.

3 comentários:

nana disse...

"areia, areia e areia." ... no doubt about that.

...

obrigada por.

@-,-'-

Tinta Azul disse...

E não há "golden sands?" :)

Klatuu o embuçado disse...

Bela prosa.