segunda-feira, 29 de setembro de 2008

...I am very very bored...f.d.d. mesmo!

Fiz uma quantidade razoável de coisas na vida. Umas bem, outras mal. Mas fiz. Fiz depressa, caminhei depressa, fui chegando aqui e ali depressa. Depressa, com pressa…mas também com muito esforço.
O esforço e o resultado da pressa que é o que já fiz, dão-me ganas de me encostar a uma esquina e ver passar os eléctricos ou de me sentar num banco de um qualquer jardim a ver as putas das pombas.. Não é depressão…é constatação.
E falta de paciência também.

sábado, 27 de setembro de 2008

domingo, 21 de setembro de 2008

...quoque tu NYT...

O falhanço da regulação radica na crença mágica da Administração Bush de que os mercados com a sua mão invisível, funcionam melhor quando são deixados em paz para se auto-regularem e auto-corrigirem. O país está a pagar o preço dessa ilusão…”
Editorial do New York Times

Esta é a mais clara denuncia do falhanço do capitalismo neo-liberal, efectuada por um dos mais poderosos porta-voz dos EUA: o NYT.
O problema é que falar em “mercados com a sua mão invisível” é iludir a questão principal que assenta na existência dos capitalistas especuladores que na penumbra das administrações das multinacionais que controlam, transformam as pessoas unidades de consumo e de produção e as instituições democráticas em verbos de encher.
A propriedade privada e a geração de riqueza são bens extraordinariamente positivos, desde que regulados e com mecanismos eficazes que assegurem a sua correcta distribuição.
O capitalismo neo-liberal, que tem o seu anverso igualmente negativo no marxismo-leninismo e no maoismo, é uma doutrina económica e POLÍTICA cuja praxis, muito especialmente após o desaparecimento da União Soviética, tem provocado demasiados danos ao Mundo e à Humanidade.
O fenómeno não é apenas específico das sociedades do Primeiro Mundo e nem sequer é apenas um bastão usado pelas ditas democracias ocidentais, já que é uma realidade hoje quer na União Indiana quer na República Popular da China, que a propósito da tese de “um regime, dois sistemas”, tenta corrigir a miséria provocada pelo maoismo com a introdução – no plano económico – das práticas capitalistas neo-liberais, o que é um paradoxo estranho mas real, com efeitos ainda mais demolidores porque no seu seio a consciência cívica é nula, e não é por acaso que a China está num crescendo de delapidação de recursos energéticos e ambientais e fenómenos como o do “leite envenenado” – que resulta da concorrência desenfreada, da adulteração de produtos para redução de custos de produção e da inexistência de qualquer regulação e controle – começam a ser frequentes.
A crença nos méritos do capitalismo neo-liberal é uma espécie de fé que cativa e iluda muitos incautos e resulta do aproveitamento sabiamente conduzido do real conhecimento da História e da própria natureza humana por parte da grande maioria da Humanidade.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

...da absurda discussão sobre o casamento dos homossexuais...

Há questões cuja discussão é absolutamente ridícula. Esta, a do casamento dos homossexuais é uma delas.
A Democracia consagra a igualdade dos cidadãos e nada excepciona por uma questão de género ou de opção sexual.
Se todos os cidadãos são iguais a todos, sem excepções, o ordenamento jurídico deverá garantir iguais instrumentos de relação inter-pessoal, logo um homossexual deverá ter assegurado a mesma tipologia de contratos de relacionamento com o próximo como alguém que não é gay.
O estado, produtor e garante desse mesmo ordenamento jurídico, não pode nem deve ajuizar moralmente opções individuais de contratualização, portanto deve garantir a todos os mesmos instrumentos jurídicos para o exercício de direitos e deveres e de regulação relacional.
Ao vedar a possibilidade de celebrar contratos juridicamente consignados a alguém apenas porque esse mesmo alguém decidiu celebrá-los com outro do mesmo sexo, o Estado está a discriminar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

...a derrocada do capitalismo neo-liberal...

O que está a passar pelo mundo em termos financeiros e que teve origem nos Estados Uniddos da América é, para o bem e para o mal, a falência do capitalismo neo-liberal.
Fica mais uma vez provado que as sociedades que funcionam assentes na mera lógica do mercado e da especulação, na mais absoluta ausência de mecanismos de regulação externos e dotados de autoridade, acabam por tornar as instituições autofágicas e a gerarem pobreza em vez da tão prometida riqueza.
Podem vir os fervorosos adeptos do neo-liberalismo capitalista argumentarem e contra-argumentarem contra este facto mas a verdade é nua e crua: o capitalismo neo-liberal é um dos principais causadores da instabilidade do Planeta, responsável por guerras, terrorismo, destruição ambiental e por imensa pobreza e miséria.
Da mesma forma que o marxismo-leninismo falhou em toda a linha o capitalismo neo-liberal é um enorme logro.

domingo, 14 de setembro de 2008

...da conversa fiada - tomo I...

Um dos mais gritantes exemplos de demagogia no seu estado mais puro é ouvir os discursos inflamados de personalidades das sete partidas do chamado Primeiro Mundo a falarem de Democracia e respectivos modelos em relação a países de em “vias de desenvolvimento” ou “subdesenvolvidos”.
Esta demagogia é fruto de vários pressupostos errados, sendo que o primeiro deles reside no facto de se considerar que é verdadeiramente a Democracia que informa e enforma a maior parte das sociedades do Primeiro Mundo. Na maior parte delas a Democracia é meramente formal, pois apesar de estarem dotadas de instituições e modelos aparentemente democráticos, o funcionamento da sociedade acontece sob lógicas que de democráticas nada têm, a começar pela chamada lógica do Mercado, esse sim o verdadeiro detentor do “poder”. Esse poder é tão forte que consegue mistificar a realidade dando aos cidadãos a ilusão de uma vida democrática do ponto de vista individual e colectivo, quando na prática essa mesma vida é condicionada, manipulada e conduzida por uma poderosa batuta capitalista.
A prova dessa quimera democrática do Primeiro Mundo, que assenta na chamada Economia de Mercado, capaz de gerar riquezas fabulosas e excedentes extraordinários é a existência de pobres – que são cada vez mais. Não me refiro à existência dos pobres no segundo e no terceiro mundo mas sim das legiões de pobres do próprio Primeiro Mundo. Não é necessária prova mais evidente desse mesmo falhanço, mas muitas mais existem...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

...11.09...desde sempre...

Hoje é o aniversário de uma série de atentados suicido-assassinos que vitimaram muita gente dos Estados Unidos da América.
É o aniversário de mortes sem sentido.
Todos os dias são aniversários de mortes sem sentido que acontecem em todas as esquinas deste mundo aparentemente redondo. Mortes de crianças, mortes de velhos, mortes de gentes de todas as idades. Mortes à facada, à bala, à bomba, por fogo, por água, por frio e por fome. Mortes, que são tantas e tantas que não há, em lado nenhum, qualquer memorial. Nem soldados em continência. Nem minutos de silêncio. Muito menos memória de cada um, sentida pela maioria, apenas por uns poucos, apenas por aqueles a quem esses mortos fazem falta.
Todos os dias são onze de Setembro. Nada de novo. É assim desde o primeiro dia onze de Setembro a partir da data em que pela primeira vez houve um Setembro
.

domingo, 7 de setembro de 2008

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

...notas sobre buenos aires...

Buenos Aires. É uma senhora idosa que no salão de chá, inaugurado ainda o seu pai usava calções, que lancha vagarosamente, olhando o mundo vendo para dentro de si.
Buenos Aires. É uma mulher madura que caminha segura na Floridita, parando em cada montra para observar em cada vidro o espelhar dos olhos de quem a deseja.
Buenos Aires. É uma rapariga gasta pela aspereza de todas as enxergas em que cedeu, a troco de quase nada, o corpo que julga seu.
Buenos Aires.
Buenos Aires gosta de fingir que é uma Barcelona nas margens do Sena.
Buenos Aires é o tango e o tango é a dignidade da fúria de quem se mata morrendo por paixão.
Buenos Aires é uma lágrima. Uma lágrima que não vê, não por ser transparente mas porque nunca brota. Uma lágrima de quem se conformando nunca se conforma. Uma lágrima de quem sabe tanto e que por isso mesmo gostaria de não saber nada.
Buenos Aires ilude a alma vermelha com um palácio cor de rosa.
Buenos Aires chora quem falta e ri de quem a julga.
Eu podia bem fazer de Buenos Aires o meu túmulo desde que para tanto fosse enterrado de fato completo, escuro e de bom corte. De outra forma não.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

...notas sobre o rio de janeiro...

No Rio é fácil descobrir a cabeça, os braços, o tronco, as pernas e os pés. Difícil, no Rio, é descobrir o corpo.
O Rio Não é um rio. O Rio é uma irmandade de afluentes que desaguam no mar, muitos deles por interpostas lagoas. Afluentes que serpenteiam em contorno de morena roliça com morros redondos, cruzando-se aqui e intercruzando-se, às vezes, ali.
O Rio é um estranho abraço feito de desabraços. Aquele desabraço entre as favelas e o Leblon, entre este e o Centro e assim, continuamente, de desabraço em desabraço, de tal forma que até o próprio Cristo, em desespero, abriu os seus braços.
Mas o Rio continua lindo. No Rio até o feio tem beleza. Uma beleza de um feio que de feito se desfaz em vogais abertas, se ilude nas palavras vestidas com sorriso indolente e de frases em que não se descobre o ponto final.
O Rio é ruína. O Rio é instalação pós-moderna. O Rio é uma ruína garrida de um Portugal que em Portugal é já memória ténue. O Rio é o futuro que há-de ser.
Não há presente puro no Rio. O pretérito perfeito e o futuro, misturados com suco de manga e bio-combustível, reconfortado por uma feijoada comida em Santa Teresa, inventaram o verbo próprio de Rio: o presente condicional – é, pode ser que seja, podendo é.
O Rio é um jogo. Um jogo em que a terra e a água disputam um espaço confuso, difuso. Um jogo secular, que precedeu um intervalo de acalmia milenar, disputado num imenso Maracanã, redondo e pluri-esquinado, sob o sol e sob a lua.
O Rio é e não é branco, é e não é preto, é e não é amarelo. O Rio é um arco-íris, curvilínea solitária, arquitectada em contra-voltas de cores em camadas.
O Rio não tem forma, tem formas. São tantas e tantas as suas formas, que todas elas e mais as outras não referidas, fazem do Rio um imenso informal.
O Rio é a violência rude emoldurada em paz risonha e ingénua. "Já perdeu camarada".
O Rio é um bebé gorducho que balbucia passeado na calçada. O Rio é um velho decrépito, atolado em suor, amortalhado em tralha, pedalando um carrinho impossível.
O Rio é um condomínio aberto, tostado suavemente ao sol, recheado de condomínios fechados, forçados a tal quer para os ricos quer para os pobres, uns cá em baixo, junto à água azul-turqueza, e os outros lá em cima, encavalitados em tijolo, num equilíbrio de malabarista nas encostas cinza-escuro dos morros.
O Rio é uma cerveja leve ou será antes um um vinho novo que aguarda, sem paciência, em casco de pau-brasil milenário, fechado com tampa de castanheiro de lá de lá do mar.
O Rio é um sonho que não teve retorno. Um sonho que se reencontrou no jeitinho e não quis mais voltar.
E o Rio é assim e de tantas outras maneiras, samba é samba e a bossa é sempre nova, sem vergonha de o ser.

Tá e aí? Açaí e guaraná.