terça-feira, 6 de maio de 2008

...paternas cogitações...


...Não está em causa o amar-te ou o ser amado por ti. Jamais estaria, mesmo que a segunda condição não fosse verdadeira.
O que me levanta dúvidas – não angústias, descansa – é já não saber bem para o que te sirvo.
Enquanto crescias estava claro o meu papel: educar-te, prover-te, dar-te amor e autoridade.
Hoje, que cresceste, que começas a abraçar só a tua própria vida – e é assim que deve ser, e que me conforta quanto à qualidade do papel que desempenhei para ti até hoje – não sei mesmo para o que te sirvo, que é o mesmo que dizer que não sei em que prateleira me pousas e que tipo de necessidade te fará lá ir-me buscar.
Talvez tenhamos que nos reaprender, um perante o outro, cada um de nós em relação a cada uma das nossas vidas.
Sairás de casa, entregue a ti mesma. Por mais que te ame e que te tente proteger estarás mesmo entregue a ti mesma. Serás, na medida do possível, senhora dona do teu caminho. Admito que isso me preocupa, porque sei que não há caminhos fáceis. Nenhum é. Sei que sofrerás e eu já não te poderei distrair da dor que sentirás, como fazia quando eras pequenina. Não é que não o queira fazer e fazê-lo para sempre, mas não é possível.
Enfim, caminhar faz-se caminhando. Tu no início do teu, eu no início do fim do meu, trajectos separados uníveis por mãos.
Mesmo que não saiba bem para o que doravante te servirei, quero sempre servir-te para tudo o quanto em ti descubras que precisas de mim...

3 comentários:

Tinta Azul disse...

:)

Unknown disse...

E maternas... também.

E digo-te, que me lembro do meu pai todos os dias.

Que me faz falta, mesmo quando foi o tempo de ser eu que a conduzi-lo...

Que me faz falta, sempre, no que de melhor teve para me dar, mesmo que pudesse ter dado mais...

Que me faz falta o mimo matinal do leite com café, na cama, todas as manhãs em que vivemos na mesma casa.

Que me faz falta!

[Beijo de uma mãe, sem pai]

mdsol disse...

:)