sábado, 4 de abril de 2009

...anormalidade isaltínica...

Segundo me tenho apercebido pela comunicação social, o Dr. Isaltino de Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras e ex-ministro de um governo português, não teve presente, ao longo da sua vida, os seus deveres fiscais enquanto cidadão, considerou vulgar receber donativos de empreiteiros e afirmou ser “normal” depositar em contas no estrangeiro “sobras” de dinheiro para campanhas eleitorais.Além de não haver qualquer normalidade nem nos actos nem nas omissões, cometidos e praticadas pelo Dr. Isaltino de Morais, tudo isso mete nojo. Mete, mesmo, muito nojo.O que eu gostava mesmo é que o Dr. Isaltino de Morais, que ao que parece até fez umas coisas em benefício do Concelho de Oeiras, deixasse de ser Autarca e revelasse, com essa decisão, um minúsculo pingo de consciência cívica, compreendendo que apesar de até poder continuar a ter condições objectivas, no plano legal, de continuar a exercer o mandato para o qual foi eleito, não possui as mínimas condições éticas e morais de o poder fazer. Do ponto de vista da cidadania não há apenas o plano jurídico – há imensos actos lícitos praticados que mais não servem para camuflar um acto ilícito -, há também – e sobretudo – plano ético e moral.
Para se ser autarca , não é preciso ser extraordinário, nem santo, nem um exemplo de bondade, mas é absolutamente essencial que sejamos decentes. Decentes na forma como agimos e interagimos publicamente, decentes como encaramos e exercemos o poder - "em representação de" - que nos foi CIRCUNSTANCIALMENTE delegado. É essa (a decência), na minha opinião, a condição essencial para se poder ser autarca - e já agora deputado, ministro, magistrado, etc -, condição que me parece, claramente me parece, que o Dr. Isaltino de Morais não parece ter.
Aproveito para dizer que considero fundamental para o Estado de Direito que o "enriquecimento ilícito" seja criminalizado.

1 comentário:

mdsol disse...

Mais um verbo para a língua portuguesa: isaltinar!

A criatura não um pingo de vergonha na cara! Literalmente: descaramento! Sem cara, sem alma sem o raio que o parta além dos charutos com que (quase) se babava de tanto se pavonear no tempo em que era ministro do ambiente!