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Pasta de chocolate negro (52% cacau), várias vezes atravessada na sua largura por ripas de casca de laranja cristalizada…muito provavelmente a melhor pasta de chocolate do mundo….
Eu acho justíssimo que pessoas adultas, na posse de todas as faculdades mentais e cívicas, tenham exactamente os mesmos direitos de celebrar contratos previstos na lei como as demais, e nesse sentido não tenho qualquer objecção ao facto dos homossexuais, que assim o entendam, se relacionem uns com os outros tendo como base um contrato de natureza matrimonial. Esta minha perspectiva assenta exclusivamente numa óptica de defesa dos direitos, liberdades e garantias que cabem a cada cidadão, independentemente do seu género, raça ou credo.
Apesar desta minha posição entendo, também, a posição da Igreja Católica, mas considero que essa posição apenas diz respeito aos seus crentes e a mais ninguém, muito menos às instituições do Estado. Entendo, porque uma visão religiosa de uma dada sociedade implica uma visão particularizada dessa mesma sociedade, segundo os princípios, valores e normativos dessa mesma religião, cabendo aos seus fiéis a decisão de os cumprirem e seguirem ou não. Ninguém deve ficar chocado pelo facto da Igreja Católica ser absolutamente contra ao casamento dos homossexuais e exprimir, clara e inequivocamente essa sua posição.
Dito isto, afirmo que concordo com a vontade do Secretário-Geral do PS em criar condições para que na próxima legislatura se proceda à alteração legal necessária para que esse tipo de contratos passem a ser possíveis no ordenamento jurídico português.
O que eu já não entendo é o facto dessa intenção estar a ser transformada na mais importante bandeira política de José Sócrates.
Não entendo porque o País está de “pantanas”, a crise é generalizada, o desemprego galopante e a fome vai instalar-se de uma forma assustadora.
Não é que a questão dos ditos casamentos não seja importante, sobretudo para uma minoria – os homossexuais -, mas é evidente que há questões muito mais importantes para serem resolvidas e a merecerem o estatuto de “bandeira política”.
Acho bem que José Sócrates tencione proceder à dita alteração, mas acho péssimo que essa sua intenção seja a única novidade política que tem para oferecer ao País, quando o País precisa tanto de tantas outras coisas.
O que começa a ser claro para toda a gente é que este modelo político-social tão querido do “bloco-central” (PS e PSD) falhou completamente e que já não tem ponta por onde se lhe pegue, ou seja: não há soluções novas, o sistema entrou em ruptura.
É evidente que este modelo político-social não é específico do PS ou do PSD. Infelizmente é um modelo que na sua essência é partilhado pelas chamadas democracias pluralistas de cariz ocidental, modelo esse que teve um inegável sucesso durante muitos anos mas que terminou. O seu ciclo acabou, e acabou exaurindo a energia necessária para o florescimento rápido de uma nova visão e para a criação de um outro novo modelo, e isso é que é absolutamente dramático, já que pode dar origem a uma imensa convulsão social e aos florescimento de todo o tipo de demagogias.