O caminho mais fácil em Portugal para por “ordem na casa” sempre foi a ditadura. Exemplos não faltam: desde o Senhor D. João II, passando pelo Marquês de Pombal, batendo em João Franco e desembocando no Estado Novo, a ditadura, independentemente das vestes usadas conforme as épocas, sempre trouxe algum remédio à sintomologia do paciente – o País, ou melhor dizendo, a Nação – sem nunca, no entanto, o ter curado e muitas vezes piorando-lhe o estado.
Portugal é um País com Povo mas sem uma massa crítica suficiente de cidadãos. Só é cidadão quem “Conhece”. Só o conhecimento aporta responsabilidade e só a responsabilidade permite a liberdade. Só o conhecimento perspectiva com correcção a importância dos direitos e deveres de cidadania.
Num País onde o sistema básico de qualquer sociedade dita civilizada falha, sistema esse que é a Educação, tudo o mais falha.
O sistema de Educação em Portugal está absolutamente falido e precisa de reformular completamente, reformulação esse que não passa pelas meras reformas. É preciso algo bem mais profundo.
Este falhanço produz ignorância de forma sistemática e em catadupa, ignorância que inquina todos os estratos da sociedade e que nos impede de fazer coisas tão fundamentais como a síntese da nossa contemporaneidade.
São poucas as pessoas com uma visão abrangente de Portugal. Uma visão que englobe o seu passado e o seu presente. Uma visão que consiga perceber quais os verdadeiros e profundos problemas que adoentam a nossa Pátria.
Uma visão que não se deixa excitar por formulações simplistas e por soluções “chapa cinco”.
Não é por acaso que quando a dita “crise” mais se sente começamos logo a ouvir falar de boicotes, lideranças partidárias, greves, de regionalizações e de outras soluções ditas milagrosas para “resolver o problema do País”. O problema do País não se resolve por fórmulas mágicas, algumas sem sentido - nem histórico, nem cultural, nem sequer geográfico -, o problema do País resolvemos nós.
Portugal tem elites. E boas, das melhores que existem no mundo. O problema é que as elites se afastam do cerne da resolução dos problemas. Não se afastam por se sentirem superiores nem por terem mais do que fazer. Afastam-se, sobretudo, por cansaço. Cansaço de aturar a mediocridade, cansaço de conviver sistematicamente com a demagogia, com a ignorância, com a incompetência e com a preguiça.
A grande mole da população vive sem saber porquê e para onde, os demais vivem, convivem e sobrevivem no interior dos partidos de forma arrogante, não admitindo que não sabem e nem permitem a quem sabe aconselhar.
Isto acontece porque é o mais fácil. É sempre mais fácil o estúpido ao acertado e avisado. É sempre mais fácil navegar na conjuntura sem olhar para dentro da estrutura.
O que precisamos é de Causas. Causas sérias, difíceis mas arregimentadoras. Precisamos de falar e de ouvir a verdade, precisamos de sacrifício válido de todos e não sacrifício em vão de uma crescente maioria de desprotegidos. Portugal não se resolve pelo neo-rotativismo de bloco central que este regime consagrou, que traduz um perigoso simulacro de democracia, desmentida por tudo e também pela forma como a riqueza é distribuída. Na minha opinião estamos a precisar da reformulação do próprio regime. É necessária uma nova forma de organização política, jurídica e económica de cariz verdadeiramente democrática que faça cidadãos e não escravos da ignorância e da pobreza. É tempo de terminar com a partidocracia, tornar os partidos políticos parceiros e não agentes únicos. É tempo de defenestrar a tralha marxista-leninista e de congelar a turba neo-liberal. É tempo de perceber que o País precisa de semear o pão que come, pescar o peixe que come e de fabricar os parafusos que precisa para vender nas lojas que tem abertas. É tempo de “alto e pára o baile” .
É evidente que esta ruptura vai doer – vai doer e de que maneira. É evidente que esta ruptura vai demorar a fazer efeitos, mas tudo é preferível a isto que temos que é uma vergonha. A Nação tem esse dever para o País que já tem 865 anos.
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