sexta-feira, 21 de março de 2008

...de facto e factualmente sobre o facto...

É quase um paradoxo que numa era de todos os escrutínios os “factos” estejam tanto em perigo. Os factos? Sim, os factos, aquelas “coisas” que são.
É verdade que desde que o Homem é Homem o facto sempre foi objecto de muitas distorções, no mínimo tantas quase as perspectivas sobre o dito, mas o Povo de antanho habituou-se a que, mais dia menos dia, o facto perspectivado e destorcido se revelasse em si mesmo. A verdade, nesse antigamente que já lá vai, era “como o azeite”, vinha sempre “ao de cima”.
Hoje já não é sim. Muito dificilmente um facto, um facto em si mesmo, na sua pureza intrínseca, neste agora em que vivemos se pode revelar e ser partilhado enquanto tal.
Essa sanha contra o facto é de tal maneira grave que até tem efeitos retroactivos, ou seja, mesmo os factos passados e arrumados são constantemente adulterados ao sabor das conveniências prosaicas ou sob efeitos da Santa Ignorância.
Como convém andar “à moda” não é por mero acaso nem por razões de poupança que hoje nas redacções dos “órgãos” de comunicação social só quase se vêem estagiários e raramente jornalistas. O problema, ou o testemunho da dita moda, é que esses estagiários não ficam dentro das redacções nem acompanham jornalistas…o problema é que vão sozinhos e sem rede ao encontro dos factos.
E os factos “lixam-se".

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