Uma das contestações que poderei fazer, se a tal coisa for instado, no final da minha vida é que fui – efectivamente fui – um leitor.
Li e leio muito e devo aos livros muito daquilo que sou e também aquilo que não sou.
Comecei cedo a ler, empurrado para o colo da leitura pela minha mãe. Lembro-me que me repetia constantemente: “se gostares de ler jamais te sentirás só”.
Li e leio muito e devo aos livros muito daquilo que sou e também aquilo que não sou.
Comecei cedo a ler, empurrado para o colo da leitura pela minha mãe. Lembro-me que me repetia constantemente: “se gostares de ler jamais te sentirás só”.
Essa afirmação, apesar de não ser inteiramente verdadeira – não há verdades absolutas – ficou a pairar-me no cérebro e até hoje flutua no interior desse meu mecanismo esquisito.
Esquisita é também a minha forma de ser leitor. Eu não respeito os livros. Dou-lhes tratos de polé. Esmifro-os até ao tutano. Dobro-lhes os cantos das páginas, risco-os, sublinho-os, marco-os com dedadas de chocolate derretido, preencho-lhes as costuras com migalhas de pão, enfim, eu para os livros sou um verdadeiro estupor.
Além disso, mais depressa esvazio a carteira a quem me pede dinheiro do que empresto um livro meu, mesmo que o mesmo seja mau e barato. Também não peço emprestado.
Detesto livros emprestados ou requisitados e por causa disso nunca gostei de bibliotecas públicas. Para mim um livro que leia tem que ser meu, até porque não é o primeiro - nem o segundo - que arrumo em pontapé certeiro numa prateleira de estante e não se pode – ou pelo menos não se deve – pontapear livros emprestados (ou requisitados).
A minha biblioteca pessoal é, para qualquer observador, um caos. Para mim não. É uma biblioteca “orgânica”, os livros acompanham as prateleiras e os objectos numa lógica que só a mim pertence, mas também os livros são meus, não é?
Esquisita é também a minha forma de ser leitor. Eu não respeito os livros. Dou-lhes tratos de polé. Esmifro-os até ao tutano. Dobro-lhes os cantos das páginas, risco-os, sublinho-os, marco-os com dedadas de chocolate derretido, preencho-lhes as costuras com migalhas de pão, enfim, eu para os livros sou um verdadeiro estupor.
Além disso, mais depressa esvazio a carteira a quem me pede dinheiro do que empresto um livro meu, mesmo que o mesmo seja mau e barato. Também não peço emprestado.
Detesto livros emprestados ou requisitados e por causa disso nunca gostei de bibliotecas públicas. Para mim um livro que leia tem que ser meu, até porque não é o primeiro - nem o segundo - que arrumo em pontapé certeiro numa prateleira de estante e não se pode – ou pelo menos não se deve – pontapear livros emprestados (ou requisitados).
A minha biblioteca pessoal é, para qualquer observador, um caos. Para mim não. É uma biblioteca “orgânica”, os livros acompanham as prateleiras e os objectos numa lógica que só a mim pertence, mas também os livros são meus, não é?
Estou convencido que o que livra os meus livros de me servirem de pira funerária é terem a sorte de eu ter herdeira à altura.
2 comentários:
Também prefiro oferecer a emprestar.
Dentro de um livro que li há pedaços de mim e dos "contextos" [por vezes, também, "orgânicos"] em que os li.
Gosto dos meus livros deformados por mim...
[BeIjO]
Tenho uma amiga que pela altura do Natal escolhe uns cinco livros e vira-os com a parte traseira para cima... lê o pequeno extracto e tenta pensar na pessoa que se identificará com a obra... quando chega a uma conclusão, oferece-os... sempre achei isso uma parvoíce! Não gosto de receber livros! Gosto de os comprar eu, mesmo na faculdade, sempre optei pelos menos lidos para ter um ponto de vista diferente! Mas confesso que foi graças a essa amiga, que recebi os melhores livros da minha vida... e esses, estão imaculadamente gastos, sujos, tortos, com bocados de fita-cola a segurar a capa e com uma ou outra lágrima seca!Isto tudo na organização da minha desorganizada estante!
bj
Enviar um comentário