segunda-feira, 17 de agosto de 2009

...do ouro e do chumbo...

Nestes dias de sol de ouro não faz mal nenhum, como se fosse um beliscão dado por nós a nós mesmos, lembrarmos o plúmbeo da tristeza.
A tristeza provocada pela perda, a tristeza provocada pelas ilusões perdidas, a tristeza provocada pelos amores impossíveis, a tristeza provocada pelos enganos, nossos e aqueles para os quais nos arrastaram, a tristeza das feridas que apesar de fecharem deixam, para sempre, cicatrizes.
Há pessoas tristes e por o serem convivem, pelo hábito, melhor com a tristeza. No entanto, aqueles que não são tristes, quando a vida os leva a serem submergidos pela densa vaga da tristeza, ficam mil vezes mais infelizes por causa da tristeza em si mesma – e pelas suas causas – e também por não saberem viver com tristeza.
São como náufragos de si mesmo, perdidos no labirinto do não saber o que fazer, aterrorizados pela perspectiva de que mesmo que a tristeza se desvaneça não terem nem alento nem alma para por isso esperarem ou de deixarem de saber ser porque o triste que foram matou quem eram.
Por isso, perante a pujança do ouro não olvidemos o peso do chumbo.

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