Assim somos feitos
De correrias à moirama
De joelhos feridos na areia da praça
De lambidelas no braço salpicado de mar seco
De desacatos na esquina escura
De ofensas agora intoleráveis e logo relevadas
De amores mil e esquecidos
De navegares ao acaso e à procura da sorte do encontrar
De sonhos construídos numa vida inteira, tornados meras quimeras no funeral
De riso que intercala com a dor fado
De paz que preguiçosamente faz a guerra
De amor imenso aos filhos nossos, dos outros e de todos
De sina manhosa de porteiro de prédio na cidade grande e estrangeira
De poesia amarrada em corpo de guarda-livros
De sangue anarca que deixa a meio as revoluções
Do rubro dos cravos em vaso impossível de metralhadora
De comprometimentos tão fortes e fingidos com as vacas de leite feito subsídio
De certezas que tudo o mais passa e aquilo de que somos feitos para sempre fica
post scriptum: podia ser muito pior.
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1 comentário:
Palavras tão pertinentes, estas, as tuas.
Tens razão...
... podia ser muito pior.
... mas podia ser melhor, um bocadinho, que fosse.
Gostei muito de te reler.
[BEIJO]
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