Eu sou muito mais árabe do que sueco, muito mais turco do que inglês.
Eu digo oxalá.
Eu sou Português.
A minha Europa é uma catedral jesuíta, com talha barroca,
uma pregação aos índios,
uma carilada sobremesada com uns conventuais papos-de-anjo.
A minha Europa é uma flauta de pã, o direito romano e o cursus honorum e também um presépio de porcelana.
A minha Europa são pasteis de Belém vendidas numa banca numa rua de Shanghai.
A minha Europa é uma bica no Cafe de Flore e um Oceano Atlântico como cais.
A minha Europa é um pequeno almoço numa barcaça no Danúbio a olhar para Buda e ver Peste,
e morangos e também bacalhau à Zé do Pipo,
uma espada, um arcabuz e uma gargalhada.
Uma voz rouca de fado, um acorde de Bach, as ancas de uma brasileira, o sorriso de uma mulata, o cocktail molotov de um anarquista e a sisudez de Kant, baralhado com a loucura de Newton.
A minha Europa é um arco gótico e um passe de tango em Buenos Aires,
um Boca de Sapo e a Torre de Belém.
1 comentário:
gostei mesmo.
@-,-'-
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