A questão da imigração, sobretudo a muçulmana, na Europa é cada vez mais importante para o futuro do continente sob vários pontos de vistas, dos quais destaco o social, o económico e o cultural.
Quando falamos de imigração não nos podemos referir apenas aqueles que, todos os dias, procuram o espaço europeu para refazerem as suas vidas, mas somos obrigados a incluir os milhares e milhares de indivíduos de segunda e terceira geração, que apesar de o serem, não se encontram integrados.
No espaço da União existem dois paradigmas distintos para lidar com a questão da imigração versus integração. Um é o paradigma francês e o outro é o paradigma britânico.
Os franceses optaram por aquilo que eu chamo uma integração por decreto, visando através da lei tornar todos os imigrantes cidadãos franceses e aculturados por diploma.
Os britânicos, no outro extremo, decidiram partirem do princípio que os imigrantes, do ponto de vista sócio-cultural são pessoas dispensáveis ao palco da cidadania, permitindo, por deliberada opção, que as várias comunidades imigrantes vivam em comunidades perfeitamente fechadas, mantendo, se assim o entenderem, hábitos, práticas e costumes de origem, desde que não interfiram com o quotidiano dos súbditos de Sua Majestade.
Ambos paradigmas falharam.
A integração francesa, via diploma legal, não resulta, e por mais que as autoridades gaulesas se esforcem, as comunidades imigrantes insistem, pacifica e violentamente, em manterem as suas características distintivas, questão agravada pelo facto da integração por decreto apenas os tornar cidadãos formais mas, de forma geral, os manter afastados daquilo que são as hipóteses de um intervenção activa na sociedade e dos lucros próprios do próprio estatuto da cidadania.
A integração britânica resultou no mais profundo desconhecimento sobre os processos internos das vária comunidades, sobretudo as de origem muçulmana, dando origem a fanáticos anti-sistema de segunda e terceira geração, ou seja súbditos britânicos apostados em estourar com a sociedade britânica.
Tendo em conta que as várias comunidades aborígenes da Europa – os portugueses, os franceses, os espanhóis, os britânicos, etc., etc. – são, do ponto de vista demográfico cada vez menos preponderantes, é altura, mais do que altura, de começarmos a questionar as nossas próprias noções do “ser europeu”.
“Ser europeu” hoje em dia é absolutamente compatível com o ser-se muçulmano e possuir-se o nome de Ali ou Abu.
O problema reside naquilo que este espaço, físico e mental, a que chamamos Europa, que durante e séculos foi perfeitamente caracterizável do ponto de vista cultural, social e económico, pode oferecer a estes novos – e cada vez mais – europeus, antes que eles destruam a própria Europa enquanto continente a que nós, ancestralmente europeus, nos habituamos a reconhecer como a nossa casa.
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